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    Bom dia, camaradas

    Por Ondjaki
    Existem 12 citações disponíveis para Bom dia, camaradas

    Sobre

    Do premiado autor angolano, Bom dia, camaradas resgata de forma lírica a infância de um garoto de classe média num país dividido entre a tradição e o novo.


    Uma Luanda dos anos 1980 com professores cubanos, escolas entoando hinos matinais e jovens de classe média é o cenário de Bom dia, camaradas. Do universo do romance também fazem parte as lembranças dos cartões de abastecimento, as desigualdades sociais e os conflitos entre modernidade e tradição.

    Através do olhar lírico de um garoto, o leitor é levado a uma Angola que acabou de se tornar independente e é obrigada a repensar as regras sociais e a questionar as causas da desigualdade. Ondjaki nos conduz aos pequenos acontecimentos do cotidiano que mostram como é preciso mais que um decreto para que as mudanças de fato aconteçam.

    Assim como em outros livros de Ondjaki, o mundo dos jovens e a descoberta da vida adulta e seus conflitos são retratados sem o tom irritadiço das militâncias nem a condescendência do lirismo excessivo. E Bom dia, camaradas é daqueles romances que atravessam as idades e podem ser lidos tanto pelo jovem quanto pelo leitor maduro.

    A literatura de Ondjaki é especialmente atraente para o público brasileiro, que verá a língua portuguesa ganhar outros contornos e reconhecerá no escritor angolano muito da nossa melhor tradição literária.

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    Citações de Bom dia, camaradas

    diferentes cartões de abastecimento, para comprar aquelas prendas, mas ela disse que não tinha cartão nenhum, e que não era preciso isso.

    Desenhar armas era normal, toda gente tinha pistolas em casa, ou mesmo akás, senão, sempre havia um tio que tinha, ou que era militar e mostrava o funcionamento da arma.

    Coitados, eles não deviam saber que em Luanda não se podia tirar fotografias assim à toa.

    Ê!, aqui em Luanda, não se pode duvidar das estórias, há muita coisa que pode acontecer e há muita coisa que, se não pode, arranja-se uma maneira de ela acontecer.

    Mas estava tão cansado que adormeci. Sonhei, claro, com o camião ural do Caixão Vazio a chegar na nossa escola, sonhei com os camaradas professores cubanos a nos ensinarem a cavar uma trincheira e a trabalhar com akás, e que quando eles iam nos agarrar porque as nossas metralhadoras não tinham balas, apareceu o Trinitá com a polícia e prenderam todos.

    Então também percebi que, num país, uma coisa é o governo, outra coisa é o povo.

    rápido. — Mas sair do carro porquê? Eu não quero fazer chichi! — ela estava mesmo sentada, impressionante, e ainda estava a rir. — Mas isto não é para fazer chichi, tia, tens que sair do carro e ficar paradinha aí fora, aqueles carros pretos são do camarada presidente. — Ó filho, não é preciso, ele vai passar do outro lado. — Dona Eduarda, por favor, sai só do carro… — o camarada João falava tipo tava com febre. — Tia, a sério, sai do carro agora! — quase gritei. Estava sol. A minha tia saiu do carro, deixou a porta aberta. Fiquei mais descansado, embora ela parecia que não estava em sentido. O pior foi que quando os carros já estavam mesmo perto, ela pôs a mão dentro do carro para apanhar o chapéu. Tia, não!, gritei mesmo.

    — Mas quando, por exemplo, o presidente sai ao domingo, vai a casa de algum amigo, já não leva a polícia, às vezes até vai a pé — ela estava mesmo a falar a sério, isso é que me deixou impressionado. — O vosso presidente anda a pé? — até desatei a rir. — Epá, tenho que contar essa aos meus colegas!, ainda querem estigar os presidentes africanos… Presidente em África, tia, só anda já de mercedes, e à prova de balas.

    nos filmes americanos o artista era sempre o melhor, nunca acabava o carregador da metralhadora dele, não era como a aká que só tinha 30 balas, uma vez eu e o Cláudio contámos, o muadiê teve dois minutos e meio a disparar sem parar e ainda sobrou uma bala no fim para ele disparar na granada que fazia explodir a ponte, ché, aquele muadiê era craque.

    — Miren, les garantizo que no van a hacer nada de eso…, no aquí en nuestra escuela. Hacemos una trinchera; si fuera necesario entramos en combate con ellos; defendémonos com las carteras, con palos y piedras, pero luchamos hasta el fin! — bateu de novo com o punho na secretária, ele suava, suava. — Ó camarada professor, mas como é que nós vamos lutar se eles têm akás… têm makarov›s…

    às vezes numa pequena coisa pode-se encontrar todas as coisas grandes da vida, não é preciso explicar muito, basta olhar.

    A minha mãe já tinha lhe dito para ele não vir tão cedo, mas parece que os mais velhos têm pouco sono às vezes. Então

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