A EMOÇÃO COMO RITMO
Paulo Bentancur
A poesia de Laura Rangel é uma constante procura pelo essencial quando muito já se transformou em perda em razão do tempo, da vida e suas armadilhas. Mas essa procura tem alguns focos bem claros: a condição da mulher, as provocações do amor, e o desejo de escrever até que a arte seja plenamente atingida.
Seu livro de poemas – o título mostra isso – carrega uma tensão emocional forte, as confissões de uma mulher múltipla que se pergunta quase a cada poema aonde estão as forças mais vitais neste tempo de agora. Laura Rangel trabalha muito com a memória, um motor fundamental que a carrega nessa busca incansável.
No caminho lírico, o que mais se percebe é um constante recomeço dessa caminhada atrás das pistas deixadas no vivido e nas possibilidades e seus esconderijos. A poeta pergunta-se até mesmo por que escreve poemas. No entanto, muito depois dessa pergunta, demonstra que pode dar muitas respostas para essa motivação.
“Bonecas Russas” é um conjunto multifacetado de 63 poemas com um quarteto de linha de força temática. A presença pungente, inquietante do lembrado se mostra muitas vezes. O sexo é outro tema que ela poetiza com força, com ousadia, até mesmo com angústia. O trabalho eterno de Sísifo, que aparece só na mitologia, aqui em seus poemas se mostra na vida das mulheres, essas legítimas bonecas russas. E a metalinguagem é um aceno frequente: são incontáveis os poemas que tratam da poesia, do ato de escrever como uma missão, um caminho que nunca se mostra claro, porém se revela inevitável.
É uma nova poética, a de Laura Rangel, sem mostrar influências, sem estar comprometida com este ou aquele estilo. Sua poesia parece nascer a cada poema que vamos lendo. Um interessante efeito de que sejam várias autoras, embora a poeta jamais finja, pelo contrário, sempre se abre ao máximo, quase que buscando respirar melhor.
Isso faz com que o leitor se surpreenda a cada página virada. É outra linguagem, é outro ritmo, é outro recomeço. Embora, claro, no desfecho, é possível chegar com uma impressão geral, panorâmica de sua obra.
A pluralidade é, paradoxalmente, sua unidade. São várias mulheres numa só, várias poetas numa só, vários livros num só livro.
Eis a grande novidade que Laura Rangel nos traz com seu inusitado e renovador “Bonecas Russas”.
Paulo Bentancur
A poesia de Laura Rangel é uma constante procura pelo essencial quando muito já se transformou em perda em razão do tempo, da vida e suas armadilhas. Mas essa procura tem alguns focos bem claros: a condição da mulher, as provocações do amor, e o desejo de escrever até que a arte seja plenamente atingida.
Seu livro de poemas – o título mostra isso – carrega uma tensão emocional forte, as confissões de uma mulher múltipla que se pergunta quase a cada poema aonde estão as forças mais vitais neste tempo de agora. Laura Rangel trabalha muito com a memória, um motor fundamental que a carrega nessa busca incansável.
No caminho lírico, o que mais se percebe é um constante recomeço dessa caminhada atrás das pistas deixadas no vivido e nas possibilidades e seus esconderijos. A poeta pergunta-se até mesmo por que escreve poemas. No entanto, muito depois dessa pergunta, demonstra que pode dar muitas respostas para essa motivação.
“Bonecas Russas” é um conjunto multifacetado de 63 poemas com um quarteto de linha de força temática. A presença pungente, inquietante do lembrado se mostra muitas vezes. O sexo é outro tema que ela poetiza com força, com ousadia, até mesmo com angústia. O trabalho eterno de Sísifo, que aparece só na mitologia, aqui em seus poemas se mostra na vida das mulheres, essas legítimas bonecas russas. E a metalinguagem é um aceno frequente: são incontáveis os poemas que tratam da poesia, do ato de escrever como uma missão, um caminho que nunca se mostra claro, porém se revela inevitável.
É uma nova poética, a de Laura Rangel, sem mostrar influências, sem estar comprometida com este ou aquele estilo. Sua poesia parece nascer a cada poema que vamos lendo. Um interessante efeito de que sejam várias autoras, embora a poeta jamais finja, pelo contrário, sempre se abre ao máximo, quase que buscando respirar melhor.
Isso faz com que o leitor se surpreenda a cada página virada. É outra linguagem, é outro ritmo, é outro recomeço. Embora, claro, no desfecho, é possível chegar com uma impressão geral, panorâmica de sua obra.
A pluralidade é, paradoxalmente, sua unidade. São várias mulheres numa só, várias poetas numa só, vários livros num só livro.
Eis a grande novidade que Laura Rangel nos traz com seu inusitado e renovador “Bonecas Russas”.