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    Caderno de um ausente

    Por João Carrascoza
    Existem 9 citações disponíveis para Caderno de um ausente

    Sobre



    Neste segundo romance, a estrutura formal continua a ser a principal pesquisa literária do autor. Como o título traz, o narrador desta história, um homem de cinquenta e tantos anos, escreve em um caderno anotações de vida para sua filha recém-nascida, Beatriz. Temeroso de que não acompanhará a maturidade da filha, uma vez que a diferença de idade é muito grande, o homem se põe a narrar a história da família entremeando por impressões filosóficas e poéticas sobre a trajetória de uma vida. A intenção do pai, porém, não é mostrar uma verdade, mas sim a delicadeza - "e eu só sei, Bia, que, em breve, não estaremos mais aqui, e, enquanto estivermos, eu quero, humildemente, te ensinar umas artes que aprendi, colher a miudeza de cada instante, como se colhe o arroz nos campos, cozinhá-la em fogo brando, e, depois, fazer com ela um banquete". Mas mesmo essas palavras, que compõem pequenos trechos escritos ao longo do primeiro ano de vida da criança, não são suficientes para satisfazer o pai - "eu ia te contar o segredo do universo como quem sussurra uma canção de ninar, mas eu não posso, filha, eu só posso te garantir, agora que chegaste, a certeza da despedida".

    No texto deste "caderno", o leitor pode acompanhar também a inquietação do pai, ao longo de um ano, pela saúde da mãe de Bia, que vive doente e requer cuidados tanto quanto a criança. O leitor irá reparar que o texto diagramado apresenta espaços em azul entre as palavras. Trata-se de um recurso para essa versão digital que metaforiza os vazios que a ausência que esta relação já ocupa, além de hesitações deste pai ao tentar escrever a educação sentimental para a filha.
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    Citações de Caderno de um ausente

    aquilo que a vida nos dá não é o que nos determina, apenas o que nos inicia, o que nós mesmos nos damos, no empuxo de viver nossos instantes, é o que pode virar esse jogo;

    a dor desenha em nossa pele, com esmero, um itinerário de pequenos cortes, ora arde um, ora sangra outro, e, às vezes, todos, juntos, nos queimam, em uníssono.

    vais descobrir por ti mesma que este é um mundo de expiação, embora haja ocasionalmente umas alegrias, não há como negar – as verdadeiras vêm travestidas, é preciso abrir os olhos dos teus olhos pra percebê-las.

    eu só sei, Bia, que, em breve, não estaremos mais aqui, e, enquanto estivermos, eu quero, humildemente, te ensinar umas artes que aprendi, colher a miudeza de cada instante, como se colhe o arroz nos campos, cozinhá-la em fogo brando, e, depois, fazer com ela um banquete.

    tu descobrirás, filha, que sonhar nos salva da rotina, mas, também, nos desliga da única coisa que nos mantém em vigília: o muro concreto do presente.

    mudez guarda em suas funduras o mundo inteiro,

    “eu te amo” nem sempre é um incêndio, infinitas vezes é monotonia, o que vai do coração à língua perde muito de sua seiva no caminho,

    nunca seremos, para o outro, o que ele pretende que sejamos, para isso fomos feitos, Bia, para amar e decepcionar a quem amamos, com

    a vida é o resumo de algo que não podemos alcançar –, eu não sei e, certamente, ninguém sabe, aonde nós, navios sem portos, vamos chegar, e muito menos, Bia, muito menos por quê, por quê, por quê.

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