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    Carcereiros

    Por Drauzio Varella
    Existem 15 citações disponíveis para Carcereiros

    Sobre

    Em Estação Carandiru, que desde 1999 teve mais de 500 mil exemplars vendidos, Drauzio Varella focou seu corajoso relato na população carcerária de um dos presídios mais violentos do Brasil. Mas os vinte e três anos atuando em presídios brasileiros como médico voluntário também o aproximaram do outro lado da moeda: as centenas de agentes penitenciários que, trabalhando sob condições rigorosas e muitas vezes colocando a vida em risco, administram essa população.Foi com um grupo desses agentes que Drauzio passou a se reunir depois das longas jornadas de trabalho, em um botequim de frente para o Carandiru. E essa convivência pôs o autor em contato com os relatos narrados em Carcereiros, segundo volume da trilogia iniciada por Estação Carandiru - o terceiro livro, Prisioneiras, terá como ponto de partida o trabalho do médico na Penitenciária Feminina da Capital.Acompanhamos, assim, uma rebelião pelos olhos de quem tenta contê-la. A descoberta de que um colega está do lado dos bandidos. Um momento de solidariedade, outro de egoísmo. Um ato heroico e outro de covardia. Entramos em contato com o cotidiano dos carcereiros e as situações desconcertantes impostas pelo ofício, que eles resolvem com jogo de cintura e, não raramente, com humor.O que emerge é um retrato franco de um mundo totalmente desconhecido para quem está de fora. Drauzio fala também de sua própria atividade como médico do sistema penitenciário: das frustrações, dos acertos e, sobretudo, da dificuldade em conciliar uma vida tão imersa nesta realidade com a de médico particular, apresentador de programas de divulgação científica, pesquisador de plantas, escritor e pai de família.Se há algo de comum a essas vidas - carcereiros, médico, detentos -, é a dimensão humana que nunca escapa aos relatos do autor.
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    Citações de Carcereiros

    o homem é o conjunto dos acontecimentos armazenados em sua memória e daqueles que relegou ao esquecimento.

    A sociedade brasileira, que vive assustada com a violência urbana, é omissa e conivente com aquela praticada pelo Estado, desde que a classe média e os mais ricos sejam poupados.

    A mesma sociedade que se revolta contra a vida ociosa dos prisioneiros lhes nega a oportunidade de sair da ociosidade.

    ninguém faz trança em rabo de burro bravo, o que mata é o coice de burro manso.

    Depois vem o pessoal da Corregedoria e dos Direitos Humanos cobrar da gente um tratamento mais digno para o sentenciado. Eu também gostaria de melhorar, deixar todo mundo bonito, cada um em sua cela, mas cadê os recursos? No fim, somos nós os responsáveis pelos maus-tratos ou é a sociedade que despeja os bandidos aqui e fecha os olhos?

    Estava tão envolvido com aquele universo, que abrir mão dele significava admitir passar o resto da existência no convívio exclusivo com pessoas da mesma classe social e com valores semelhantes aos meus, sem a oportunidade de me deparar com o contraditório,

    A tortura como instrumento de dominação, vingança e controle social está entre nós desde os tempos dos pelourinhos em praça pública. Ao contrário da empregada contra os intelectuais de classe média em época de ditadura, que vem a público e nos causa justificada revolta, sempre fizemos vistas grossas àquela perpetrada sistematicamente contra os anônimos que vão parar nas delegacias e nas cadeias. O

    No Brasil, morosa e discricionária como é, a Justiça encontra enorme dificuldade para condenar os clientes de advogados com influência nos meios jurídicos, enquanto o aparato policial é incapaz de solucionar a maioria dos crimes que ocorrem pelo país afora. Ilustram a impunidade brasileira o fato de permanecerem em liberdade os que assaltam os cofres públicos e a constatação oficial de que nossas polícias esclarecem menos de 10% dos homicídios cometidos e uma parcela insignificante dos roubos e assaltos à mão armada.

    A sociedade brasileira, que vive assustada com a violência urbana, é omissa e conivente com aquela praticada pelo Estado, desde que a classe média e os mais ricos sejam poupados. Quando as câmeras de tv surpreendem um policial espancando populares, não falta quem justifique: “Se apanham é porque fizeram por merecer”. A filosofia do “bandido bom é bandido morto” tem inúmeros adeptos entre nós. O massacre do Carandiru, em que perderam a vida 111 homens do pavilhão Nove, foi aplaudido por tantos, que o comandante da tropa responsável pela operação se elegeu deputado estadual, com um número de candidatura que terminava em 111, para que não pairassem dúvidas entre seus eleitores.

    Na delegacia é choque no saco, na língua, tapa no ouvido, pau de arara, afogamento até perder o fôlego, pontapé na barriga, horas e horas, a noite inteira. O cara confessa até que crucificou Jesus Cristo.

    Como parte dessa mobilização é fundamental levar o planejamento familiar para os estratos sociais mais desfavorecidos. Negar a eles o acesso à lei federal que lhes dá direito ao controle da fertilidade pelo sus é a violência mais torpe que a sociedade comete contra a mulher pobre. Perto de 50% dos bebês nascidos no Brasil pertencem à classe E, aquela com renda per capita de até 75 reais.

    A sociedade faz questão de ignorar o que se passa no interior dos presídios. Tem lógica: se todos concordam que a finalidade da pena é apenas castigar os que cometeram delitos, por que haveria interesse em assegurar condições mais dignas de aprisionamento? Nossas cadeias são construídas com o objetivo de punir os marginais e de retirá-los das ruas, não com o intuito de recuperá-los para o convívio social. Preocupações de caráter humanitário com o destino dos condenados só ganharão força no dia em que os criminosos das famílias mais influentes forem parar nas mesmas celas que os filhos das mais pobres.

    Um funcionário daquela época resumiu sua opção pela cachaça: — O que adianta o cara beber uísque, champanhe, vodca, vinho, bebidas caras, se, quando fica bêbado, todo mundo xinga de pinguço?

    Levando em conta que na sociedade existem pessoas excessivamente prolixas, hipocondríacas, egocêntricas, manipuladoras, chantagistas, mentirosas, antipáticas, prepotentes e com outras características de personalidade que tumultuam os relacionamentos interpessoais, imaginar que seja possível dedicar a mesma atenção a todos e estabelecer indistintamente o mesmo grau de empatia é idealizar a natureza humana. Nem Jesus de volta à Terra seria capaz de tamanha generosidade aleatória. Além de sofrer essas restrições impostas por idiossincrasias individuais, o trabalho exige determinação e energia para consolar e motivar pessoas fragilizadas, na tentativa de convencê-las a enfrentar a adversidade com persistência e otimismo.

    Existe prazer espiritual comparável ao de chorar de tanto rir?

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