Carlos Lacerda foi o político mais controverso de sua época. Para uns, foi salvador da pátria. Para outros, reacionário feroz. Seu pai, seus tios e seu avô tiveram participação igualmente decisiva nos principais lances da política brasileira, da Primeira República ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954.
Por volta de 1870, abolicionista e republicano, Sebastião de Lacerda entrou na vida pública. Entre 1910 e 1940, Maurício, seu filho mais velho, tornara-se um socialista utópico na Primeira República. Seus outros dois filhos, Fernando e Paulo, chegaram a secretários-gerais do Partido Comunista. Entre 1930 e 1960, seu neto, Carlos Lacerda, percorreu todo o espectro político, consolidando-se como o principal adversário de Getúlio e, em seguida, do getulismo.
Ao lado de republicanos, abolicionistas, liberais, socialistas, comunistas, explosivos, admirados, idealistas e destruidores sistemáticos, eles formam a República das abelhas, descrita com brilho por um dos prosadores mais inventivos da literatura brasileira contemporânea.