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    Carlos Zara

    Por Carvalho, Tânia

    Sobre

    Não sei muito bem como conheci Carlos Zara. Pode ter sido nos corredores da TV Globo, onde ambos trabalhamos por muitos anos. Pode ter sido por intermédio da Eva Wilma, a Vivinha, com quem fiz uma longa entrevista quando ela chegou na Globo e houve uma empatia imediata. Seja em que data for, nosso relacionamento se intensificou no final da década de 80 nos almoços de sábado na casa da Guta, diretora de elenco, inesquecível amiga de todos que batiam ponto nos estúdios na Rua Von Martius, onde eram gravadas as novelas. Zara, que fazia o tipo durão, falava grosso, fingia cara de poucos amigos era, na verdade, um doce de pessoa, amoroso, preocupado com os outros, generoso, carinhoso e dotado de um senso de humor delicioso. Entre nós estabeleceu-se uma brincadeira, acompanhada pelas gargalhadas da Vivinha. Ele dizia ser meu namorado, de quem ela teria um ciúme horrível. Quando batia na porta da casa deles ? às vezes o almoço de fim de semana era lá ? e o Zara abria, fingia fechar a porta rapidamente e sussurrava: ?Hoje não, ELA está em casa.? E todos ríamos muito. Era a sua forma de dizer que gostava muito de mim, do que muito me orgulho. Um dia, em um desses deliciosos almoços, Zara me fez uma proposta profissional. Estava cansado de responder às mesmas perguntas cada vez que um jornalista ia entrevistá-lo. Não suportava mais contar as mesmas histórias, especialmente porque não era de muitas palavras para falar de si mesmo. ?Por que você não faz uma entrevista comigo, fala dos trabalhos dos quais participei, e quando alguém chegar perto de mim eu entrego e não preciso responder mais nada.? Proposta aceita, nos encontramos algumas vezes na varanda de seu apartamento no Leblon. Remexemos em alguns recortes, que aclararam a memória, conversamos muito para fazer o que intitulamos Carlos Zara ? uma tentativa de currículo, que conta a trajetória do ator, diretor, sindicalista até 1989. Quando, em um encontro emocionado com Vivinha, o primeiro depois da morte de Zara, surgiu a idéia de fazer este livro para a Coleção Aplauso, a primeira coisa de que me lembrei foi desse antigo texto, feito em outros tempos, quando os computadores não eram a ferramenta de trabalho de jornalistas e por isso mesmo eu não tinha mais o registro. Mas, surpresa, Vivinha havia guardado uma das cópias. É com este texto que gostaria de começar o livro. Claro que depois de 1989 ele fez outros trabalhos, registrados no currículo completo no final desta edição. Mas acho importante o pedacinho de Zara, contido em suas concisas declarações, que complementam as informações. Observações agudas, engraçadas e, às vezes, mal humoradas. Afinal, ele não podia sair do tipo que havia criado para si mesmo, talvez para conter a quantidade de emoções que fervilhavam dentro dele. Queria muito que ele estivesse ainda aqui para que conversássemos muito mais...
    Tania Carvalho
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