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    Cartas De Inglaterra

    Por José Maria Eça de Queirós
    Existem 10 citações disponíveis para Cartas De Inglaterra Baixar eBook Link atualizado em 2017
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    Citações de Cartas De Inglaterra

    A complicada abundancia da nossa civilisação material, as nossas machinas, os nossos telephones, a nossa luz electrica, tem-nos tornado intoleravelmente pedantes:

    Tudo isto ainda seria supportavel se o judeu se fundisse com a raça indigena.

    Em geral, nós outros, os portuguezes, só começamos a ser idiotas—quando chegamos á edade da razão.

    o general sitiado, que n’essas guerras asiaticas póde sempre communicar, telegrapha para o viso-rei da India, reclamando com furor reforços, chá e assucar! (Isto é textual; foi o general Roberts que soltou ha dias este grito de gulodice britannica; o inglez, sem chá, bate-se frouxamente.) Então o governo da India, gastando milhões de libras, como quem gasta agua, manda a toda a pressa fardos disformes de chá reparador, brancas collinas de assucar, e dez ou quinze mil homens.

    O motivo do furor anti-semitico é simplesmente a crescente prosperidade da colonia judaica, colonia relativamente pequena, apenas composta de 400.000 judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinacia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrencia triumphante á burguezia allemã.

    As fórmas superiores do pensamento têm uma tendencia fatal a tornar-se na futura lei revelada: e toda a philosophia termina, nos seus velhos dias, por ser religião.

    O resultado d’isto é que n’uma nação em que a sociedade conservadora fórma como um largo batalhão, pensando o que lhe manda a «ordem do dia» e marchando em disciplina, á voz do coronel,—cada bom allemão, cada patriota, vae immediatamente concluir d’esta linguagem ambigua do governo que, se a côrte, o estado-maior, os feld-marechaes, o senhor de Bismarck, todo esse mundo venerado e obedecido não vêem o odio ao judeu com enthusiasmo, não deixam, todavia, de o approvar em seus corações christãos… E o novo movimento vae certamente receber, d’aqui, um impulso inesperado. Que digo eu? Já recebeu. Apenas se soube a resposta do ministerio, um bando de mancebos, em Leipzig, que se poderiam tomar por frades dominicanos mas que eram apenas philosophos estudantes, andaram expulsando os judeus das cervejarias, arrancando-lhes assim o direito individual mais caro e mais sagrado ao allemão: o direito á cerveja! Mas d’onde provem este odio ao judeu? A Allemanha não quer, de certo, começar de novo a vingar o sangue precioso de Jesus. Ha já tanto tempo que essas cousas dolorosas se passaram!… A humanidade christã está velha e, portanto, indulgente: em desoito seculos esquece a affronta mais funda. E infelizmente hoje já ninguem, ao lêr os episodios da Paixão, arranca furiosamente da espada, como Clovis, gritando, com a face em pranto: —Ah, infames! Não estar eu lá com os meus Francos! Além d’isso, este movimento é organizado pela burguezia, e as classes conservadoras da Allemanha são muito juridicas, para não approvarem, no segredo do seu pensamento, o supplicio de Jesus. Dada uma sociedade antiga e prospera, com a sua religião official, a sua moral official, a sua litteratura official, o seu sacerdocio, o seu regimen de propriedade, a sua aristocracia e o seu commercio—que se ha-de fazer a um inspirado, a um revolucionario, que apparece seguido d’uma plébe tumultuosa, prégando a destruição d’essas instituições consagradas á fundação de uma nova ordem social sobre a ruina d’elas

    Bom Deus, não! Eu não reclamo que o paiz escreva livros, ou que faça arte: contentar-me-ia que lesse os livros que já estão escriptos, e que se interessasse pelas artes que já estão creadas. A sua esterilidade assusta-me menos que o seu indifferentismo. O doloroso espectaculo é vêl-o jazer no marasmo, sem vida intellectual, alheio a toda a ideia nova, hostil a toda a originalidade, crasso e mazorro, amuado ao seu canto, com os pés ao sol, o cigarro nos dedos e a bocca ás moscas… É isto o que punge.

    Com effeito, nós não trazemos á Europa complicações importunas; mantemos dentro da fronteira uma ordem sufficiente: a nossa administração é correctamente liberal; satisfazemos com honra os nossos compromissos financeiros. Somos o que se póde dizer um povo de bem, um povo bôa pessoa. E a nação vista de fóra e de longe, tem aquelle ar honesto de uma pacata casa de provincia, silenciosa e caiada, onde se presente uma familia commedida, temente a Deus, de bem com o regedor, e com as economias dentro de uma meia… A Europa reconhece isto: e todavia olha para nós com um desdem manifesto. Porque? Porque nos considera uma nação de mediocres: digamos francamente a dura palavra—porque nos considera uma raça de estupidos. Este mesmo

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