Cem dias entre céu e mar
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É engraçado como o bem-estar não depende do conforto, da tranquilidade ou de situações favoráveis, mas simples e unicamente da sensação de ir em frente.
Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre, jamais sofrerá de solidão; poderá morrer de saudades, mas não estará só.
No início, é engraçado, eu relutava um pouco em falar sozinho. Normalmente, o ato de falar consigo mesmo, em voz alta, não é muito bem entendido por eventuais testemunhas.
Um tempo em que aprendi a entender as coisas do mar, a conversar com as grandes ondas e não discutir com o mau tempo. A transformar o medo em respeito, o respeito em confiança. Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.
Um mês havia passado e eu me sentia há uma eternidade no mar. O dia da partida parecia algo tão distante no passado como a data do meu nascimento. Estava profundamente bem, como se a vida tivesse sido sempre assim, alternando, dia após dia, paisagens violentas com cenas de calma, minutos de preocupação com momentos de muita alegria.
Mas, ao me levantar para ir ao trabalho, percebi que o mar piorara bastante durante a noite. Paciência! Agora era comigo mesmo. Tinha um imenso e desconhecido oceano pela frente que na verdade me atraía, e para trás, gravada na memória, uma fase dura, da qual não sentia a mínima saudade. E comecei a remar. Remar de costas, olhando para trás, pensando para frente.
Talvez nunca saiba explicar exatamente o que tudo isso significava, mas compreendi que estava no caminho certo.
Ao se caminhar para um objetivo, sobretudo um grande e distante objetivo, as menores coisas se tornam fundamentais. Uma hora perdida é uma hora perdida, e quando não se tem um rumo definido é muito fácil perder horas, dias ou anos, sem dar conta disso.
Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer.
A imensidão do mar tornava minúsculos os meus maiores problemas e gigantes as menores alegrias. Ensinou-me a dar valor à vida que eu levava e a pequenas coisas que às vezes passavam despercebidas.