O estudo da vida e da obra de Búnin mostra que sua trajetória, sitiada por temores, mortes e destruição, parece ter exercido um forte efeito sobre o escritor. Os contos da maturidade distinguem-se de suas primeiras histórias, como mostra esta seleção. Se nos últimos o amor é totalmente aniquilado, nos contos posteriores, ele recupera sua potência organizadora, torna-se uma força que faz vencer os obstáculos, que pacifica e ordena o caos. No conto Aleias escuras, a personagem Nadiéjda (em russo, “esperança”) ama num nível espiritual e individual que lhe basta, Ela afirma: “A juventude passa mesmo, para tudo que é gente, ela passa mas o amor, isso é outra coisa”. Nos tempos conturbados em que viveu, decerto o mais sangrento da história moderna, Búnin parece ter constatado que o patrimônio mais longevo é mesmo a memória: não seria ela o único recipiente que poderia conter o amor indefinidamente?Ivan Alexeievitch Búnin (1870-1953) foi o primeiro escritor russo a ganhar o prêmio Nobel de Literatura. Sua última obra de ficção, Aleias escuras (1943), é uma das antologias de contos mais conhecidas da literatura russa do século XX.
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