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    Contraponto

    Por Aldous Huxley
    Existem 9 citações disponíveis para Contraponto

    Sobre

    Do mesmo autor de Admirável mundo novo, um dos maiores clássicos da literatura do século XX, este Contraponto surpreenderá o leitor que espera outra ficção científica, ou um mundo tecnologicamente distante do nosso. Entretanto, confirmará vários dos elementos que estão em Admirável, e que foram tão caros a Aldous Huxley: o desencontro entre as pessoas, a frieza nas relações, a dificuldade de expressão, e o mundo avassalador que incita os homens, e os afastam. Afora o cenário árido dos sentimentos, sempre a mesma esperança de Huxley, um tanto melancólica, de que o as pessoas, finalmente, se encontrem. Publicado em 1930 e presente em várias listas dos Cem melhores romances do século XX, o livro é um retrato da sociedade decadente, que passa a forçadamente rever seus valores quando a aristocracia e o dinheiro ?antigo? já não mais sustentam a imagem de uma sociedade ideal. Contraponto é um mosaico de personagens, agrupados em núcleos, que vão de uma aristocracia decadente a ricos emergentes na sociedade inglesa do início do século XX. E, neste cenário, abre-se todo espaço para que Huxley, a partir das relações entre as personagens, teça como que um grande ensaio sobre os valores morais e éticos, a ciência, a religião, a arte. Cada um desses elementos é personificado por uma ou mais personagens, e como numa sinfonia, é possível ir discernindo cada uma das pequenas melodias que a compõem. É dessa maneira que Contraponto torna-se um delicioso, ainda que melancólico, retrato de nossa época ? sim, ainda de nossa época. Melancólico porque há a guerra, a hipocrisia, a mesquinharia e o onipresente dinheiro regendo tudo. Mas delicioso porque a figura da mulher, exemplarmente pintada em Lucy, surge inteligente, independente e emancipada. E o grotesco da sociedade marca o tempo da sinfonia e, se é triste, não deixa de ser um primor da criação de Huxley.
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    Citações de Contraponto

    Eis por que a arte nos comove — precisamente porque está depurada de todas as impurezas da vida real.

    À distância, teoricamente, a pureza, a bondade e a espiritualidade refinada são coisas admiráveis. Mas de perto e na prática são menos atraentes.

    Algo que tinha sido uma célula única, um grupo de células, um saquinho de tecidos, uma espécie de verme, um peixe em potência, com guelras, agitava-se-lhe no ventre e um dia viria a ser um homem — homem adulto, que sofre e goza, que ama e odeia, que pensa, que recorda, que imagina.

    O amor deve justificar-se por seus resultados na intimidade do espírito e do corpo, no calor, no contato terno, no prazer. Se precisa ser justificado por uma razão exterior, revela com isso ser uma coisa sem justificação.

    o silêncio está cheio de espírito e sabedoria em potência, assim como o mármore não trabalhado está cheio de grandes esculturas.

    o silêncio está cheio de espírito e sabedoria em potência, assim como o mármore não trabalhado está cheio de grandes esculturas. Os silenciosos nunca depõem contra si mesmos.

    Os silenciosos nunca depõem contra si mesmos.

    Mas o amor não floresce numa atmosfera que infunde ao que ama uma repugnância incoercível.

    A vida intelectual é um brinquedo de criança; eis por que os intelectuais têm uma tendência para voltar à infância, para cair em seguida na imbecilidade, e finalmente, como demonstra com clareza a história política e industrial destes últimos séculos, a tornarem-se homicidas loucos e selvagens. As funções reprimidas não morrem; deterioram-se, decompõem-se, revertem ao estado primitivo. Mas enquanto isso é muito mais fácil ser criança, louco ou besta do que homem adulto harmonioso. É por isto que (entre outras razões) há tanta procura de instrução superior. A corrida para os livros e para as universidades lembra a corrida para as tavernas. Essa gente necessita afogar a consciência das dificuldades que há em viver decentemente neste grotesco mundo contemporâneo; têm necessidade de esquecer a sua deplorável insuficiência como cultivadores da arte de viver. Uns afogam suas tristezas no álcool, mas outros, ainda mais numerosos, as afogam nos livros e no diletantismo artístico; uns procuram achar o esquecimento de si mesmos na libertinagem, na dança, no cinema, no rádio; outros nas conferências e nas ocupações científicas. Os livros e as conferências são melhores para afogar as mágoas do que a bebida e a fornicação; não deixam dor de cabeça nem essa sensação desesperante do post coitum triste. Até

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