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    Conversas com um jovem professor

    Conversas com um jovem professor

    Por Leandro Karnal
    Existem 14 citações disponíveis para Conversas com um jovem professor

    Sobre

    O professor entra na escola e parece que nasceu para dar aula: sabe como lidar com os alunos, faz camaradagem com os colegas, dialoga com os pais. Nunca comete um deslize, passa muito bem o seu recado e todos o adoram. Será que nasceu sabendo ou foi aprendendo ao longo de alguns sucessos e outros tantos fracassos? Muitos são os livros que trazem teorias sobre a sala de aula, mas faltava um sobre a prática de ensinar. Não falta mais. Nestas ?conversas? o leitor não encontrará citações de grandes obras, conhecerá experiências em classe. Tanto as que deram certo como as que fizeram o autor se arrepender depois. Professor com vasta experiência, dono de texto envolvente, Leandro Karnal discute os problemas cotidianos daqueles que lecionam: como dar aula, como corrigir provas, o que é necessário lembrar numa reunião com os pais. Em poucas palavras: como realmente lidar com as práticas escolares. Obra imprescindível para quem se aventura a ensinar.
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    Citações de Conversas com um jovem professor

    Preciso dizer de forma clara: não acredito em reflexão sobre sala de aula vinda de pessoas que nunca nela estiveram como professores.

    Nunca caia na tentação de começar a falar baixo em meio ao caos e à sujeira para ver se eles prestam atenção. Não passe nunca a sensação de que tanto faz se eles ouvem ou não, ou se tanto faz se a aula for eficiente ou não. Ou a aula é ou ela não é. É melhor não dar uma aula do que aceitar o papel de monólogo patético.

    seus fracassos serão eventualmente criticados, mas seus sucessos causarão ódio muito maior.

    De todas as coisas que podemos tolerar dos outros, o sucesso é a mais difícil.

    Bem, ser bom implica riscos. Ser ruim não implica riscos, talvez, por isso, exista tanta gente que seja ruim.

    O futuro aponta para a habilidade mental e menos para a repetição. A prova deve trabalhar essa capacidade de elaborar pensamentos, abstrair, deduzir, comparar, criticar etc. O mundo que trabalha cada vez mais com informações prontas ao toque do teclado, tende a valorizar mais a capacidade crítica de avaliar essas informações do que reproduzi-las. Você

    Você é um professor que nasceu no século passado, assim como eu. Porém, lembre-se de que estamos formando gente para estar no mundo do futuro. Aposte

    O centro da reflexão talvez seja este. O brilho de ser professor é a nossa relevância. Não existe sociedade sem aulas. Não é possível fazer nada no mundo sem professores. Todos os médicos, engenheiros, políticos, operários especializados foram, por alguns ou muitos anos, alunos. Todos tiveram professores. É um exército invisível. Vemos as obras prontas: o paciente curado, a máquina construída, o texto escrito e esquecemos que atrás de cada autor há um professor. Somos a malha invisível que dá coesão social.

    Há algo que valia na Academia de Platão ou no Liceu de Aristóteles e vale hoje, no século XXI: uma boa aula é aquela que faz pensar, provoca reflexão e traz, com isso, uma nova percepção das coisas. Uma boa aula atinge seu objetivo, seduz e instiga. Uma boa aula diz, de forma clara e sintética, o que deve ser dito. O elemento central de uma boa aula envolve o conhecimento já formado (vocabulário, procedimentos, habilidades etc.) e sua interação com novos procedimentos do aluno. Uma boa aula transforma quem se envolve nela. Sempre é necessário repetir: uma boa aula não precisa de tecnologia. A tecnologia é uma ferramenta privilegiada, jamais o objetivo em si. O computador funciona como alavanca: move melhor a pedra pesada, mas o objetivo continua sendo mover a pedra.

    Por que eu continuo professor? Porque eu faço muita diferença na vida de muita gente. Por

    “Deus inventou o conhecimento e o diabo, invejoso, criou o colega…”. Na época, muito jovem, eu achava a frase amarga.

    Amanhecer de um dia normal de aula. Atacado por furiosa conjuntivite, coloco óculos escuros e encaro a turma. É ruim dar aulas com a sensação de areia nos olhos, mas é ainda pior com a garganta doendo numa inflamação, eu me consolo. Mal entro na sala e chamo atenção, é claro, pelos óculos escuros naquela hora ainda nublada do amanhecer. Um aluno do fundo (sempre no fundo…) fala em voz bem alta: –“Foi boa a noitada, professor”? Eu respondo com a mesma rapidez: –“Sua mãe não reclamou”.

    Retire da cabeça do aluno que ser criativo é se esforçar menos ou dar “jeitinho” que substitua o método. Ser criativo implica colocar maior energia, pois vai além da repetição dada pelos outros, não aquém. Ser criativo é ultrapassar, não reduzir.

    Se ele se aproxima muito do afogado e o abraça fraternalmente, ambos afundam. Se ele fica muito distante, a vítima cumpre sua sina de afogar-se sem ajuda. É

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