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    Correio do tempo

    Por Mario Benedetti
    Existem 13 citações disponíveis para Correio do tempo

    Sobre



    ?Correio do tempo? reúne relatos breves que mesclam ironia, delicadeza e profundidade, num estilo que consagrou Mario Benedetti em romances como ?A trégua?, clássico contemporâneo da literatura latino-americana. Os contos neste livro tratam dos mais diversos tipos de encontros e despedidas, do distanciamento e da passagem do tempo: uma criança passa um fim de semana na casa do pai separado; um homem doente escreve ao amigo pela última vez; sobreviventes de dois naufrágios diferentes se encontram acidentalmente numa ilha deserta; uma visita inesperada de um preso político ao seu algoz; e um relato, cheio de compaixão, de um homem preso por matar quem amava.
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    Citações de Correio do tempo

    Deixei de ser um autor medíocre para me tornar um leitor inteligente.

    No correio do tempo há alegrias que ninguém vai exigir/ que ninguém nunca retirará/ e acabarão murchas suspirando o sabor da intempérie

    Sinais de fumaça Quando te encontras no fio do escuro e lhe prestas honras dos teus ossos quando a alma puríssima do ócio pede socorro ao universo inútil quando sobes e desces da dor mostrando cicatrizes de outros tempos quando na tua vidraça está o outono inda não te despeças/ tudo é nada/ são sinais de fumaça/ apenas isso teu olhar de viagem ou de desertos se torna um manancial indecifrável e o silêncio/ teu medo mais valente/ se vai com os golfinhos dessa noite ou com os passarinhos da aurora/ de tudo ficam sinais/ pistas/ rastros marcas/ indícios/ signos/ aparências mas não te preocupes/ tudo é nada são sinais de fumaça/ apenas isso no entanto nessas chaves se condensa uma velha doçura atormentada o vôo de umas folhas que passaram a nuvem que é de âmbar ou algodão o amor que carece de palavras os barros da lembrança/ a luxúria/ ou seja que os signos pelo ar são sinais de fumaça/ mas a fumaça leva consigo um coração de fogo

    Minhas lembranças se deixam ver através de um vidro esmerilhado chamado memória.

    Ninguém quer ser exceção. Nem o sujeito mais ambicioso. Para chegar longe, só seguindo a trilha batida. As exceções sempre ficam pelo caminho. E decerto vai me dizer que depois elas podem ser reconhecidas e louvadas pela posteridade. — Exatamente. — Mas quem liga para a posteridade? Nem o Kafka se importou com isso, e olhe que ele era um gênio. Kafka fez ca(f)ca na posteridade.

    O senhor se lembra do que Kant disse? “O sonho é uma arte poética involuntária.”

    É o caso, quase milagroso, de um excelente romance escrito por um romancista, não diria medíocre, mas mediano. Que acha desse autodiagnóstico?

    Deixei de ser um autor medíocre para me tornar um leitor inteligente. E confesso que gosto muito da minha nova condição.

    Correio do tempo No correio do tempo se acumulam a paixão desolada/ o gozo trêmulo e lá fica esperando seu destino a paz involuntária da infância/ há um enigma no correio do tempo uma aldrava de queixas e candores um dossiê de angústia/ promissória com todos os valores declarados No correio do tempo há alegrias que ninguém vai exigir/ que ninguém nunca retirará/ e acabarão murchas suspirando o sabor da intempérie e no entanto/ do correio do tempo sairão logo cartas voadoras dispostas a fincar-se em algum sonho onde aguardem os sustos do acaso

    história de seus sentimentos estivera como que embutida na angústia social daquele tempo e os livrara de qualquer frivolidade na hora de pensar em si mesmos. Afinal, pensava Fabián, assumir a tristeza não é tão ruim como parece. Há uma estranha alegria em saber que ainda conseguimos ficar tristes. Significa, entre outras coisas, que não estamos perdidos. Às

    Sabíamos rir um do outro, e também cada um de si próprio. Sem machucar. Isso eu também perdi. Agora, quando brinco, eu magôo, e quando brincam comigo, fico magoado. Será que com o passar dos anos ficamos estúpidos e rancorosos?

    Eu, Rogelio Velasco, deixo meus óculos, ou lentes, ou lunetas, ou cangalhas, ao meu sobrinho Esteban, para que possa ver o mundo como eu o vi, às vezes injusto, desarticulado, confuso; às vezes generoso, harmonioso, estimulante.

    Eu, Rogelio Velasco, com a saúde um tanto combalida e não sei se recuperável, deixo à minha segunda mulher meus braços e minhas pernas, como lembrança de que com uns e outras a envolvi e apertei, a incorporei ao meu território, tive prazer com ela e consegui que também tivesse comigo. Também lhe deixo meus ataques de ogro e minhas carícias de arrependido; minhas vigílias ariscas e meus noturnos de minucioso amante; a melancolia que suas ausências me provocam e o céu aberto que acompanha seu regresso; a garantia de saber que dorme ao meu lado e a certeza de que velará meu último sono.

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