Tantas foram as vezes nas quais tentei colocar no papel os sentimentos que sempre me povoaram a alma, que um dia criei coragem e resolvi lançar mãos à obra. Escrever o meu primeiro romance sobre os escravos lançados nas terras dos brasis, a bem da verdade, foi uma temeridade só a realização deste meu primeiro trabalho. Este romance mal começara a cobrir as primeiras páginas do papel e eu fui logo me identificando com esta forma de me relacionar com o mundo da literatura, deixando-me apaixonado por mais este filho, que me dá o privilégio de apresentá-lo ao mundo. De uma sensibilidade profunda, o protagonista inicia sua caminhada, da África para o Brasil, no início do século dezenove, sendo arrancado à força de sua terra natal, Angola, mais precisamente próximo à antiga província angolana do Moxico, pertinho do rio Zambeze . Duramente castigado, moralmente e espiritualmente, durante sua caminhada através das matas africanas, ainda alimentava a esperança de se ver livre de seus algozes, porém, ao se aproximar do porto de onde seria transladado para o Brasil, a dura realidade o deixa transtornado e decepcionado para com seu deus no qual mantinha toda a sua fé e esperança de se ver finalmente livre, para sempre, do jugo humano. Contudo, de acordo com sua maneira de reagir face às intempéries humanas, aos poucos nosso amigo se vê na obrigação de reaprender os ensinamentos espirituais tão importantes no seio de sua raça. Assim, a cada período, uma experiência nova o aguarda e ele sente que tudo o que acontece, tanto com ele como a seu povo, é originado segundo razões ainda desconhecidas para ele, o que faz com que muitas vezes se desespere e se revolte contra a inexorabilidade do mundo de então, todavia, espírito inteligente e corajoso, procura sempre manter o pensamento vibrando com o que de melhor possa dar de si como a fé, a esperança e o amor por uma humanidade ainda em trânsito por este planeta, sedenta de vivência e conhecimento dentro dos ideais de nosso Senhor Jesus Cristo. Vivência e conhecimentos, digo eu, de tudo o que o Mestre pode nos legar, baseado no código social mais perfeito que passou por este mundo: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo assim como a ti mesmo. Esta, tão profunda e eloqüente, ainda cala fundo nos nossos corações, desprezada por uma humanidade, que se não é totalmente egoísta, prefere, em nome de uma razão materialista, manter prisioneira na alma, as supremas verdades eternas que poderiam habilitá-la a se aproximar cada vez mais de nosso anjo-luz Jesus de Nazaré. Não há, neste livro, a intenção de rotular ou defender qualquer pensamento de cunho religioso-filosófico, sob a inspiração mediúnica de vários amigos espirituais, pois, em primeiro lugar, todos os fatos e atos colocados aqui, foram escritos apenas para chamar a atenção de todos os que querem, desejam e sonham em viver em paz consigo mesmo e para com o próximo.
I.>M.>R.
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