Crítica e Profecia
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Como diz Dostoiévski — e essa é uma ideia da ortodoxia —, um Deus que não pede o impossível, não é Deus. Se ele pedisse o possível, seria um líder sindical, ou algo assim.
O problema central da liberdade incriada do Homem é a raiz teológica dessa questão. Essa liberdade degenera em niilismo.
“fora de Deus não há solução”. Fora de Deus, ao homem só é possível repetir pateticamente, numa série infinita, o caminho (sem saída) da lei da natureza.
Em outras palavras, quando temos a experiência, não há necessidade de conceitualização.
“Os pregadores do materialismo e do ateísmo, que proclamam a autossuficiência do homem, estão preparando indescritíveis trevas e horrores para a humanidade sob pretexto de renovação e ressurreição.”
Afinal de contas, citando o próprio Ivan Karamázov, “se a alma é mortal e Deus não existe, tudo é permitido”. Essa frase é a essência da crítica de Dostoiévski a toda forma de moral e ética a partir da imanência (da história, do plano da natureza).
“Ame toda a criação de Deus, ela inteira e cada grão de areia nela. Ame cada folha, cada raio da luz de Deus. Se amar tudo, perceberá o mistério divino nas coisas.” Os irmãos Karamázov
Com relação ao que chamaríamos de “manifestação construtiva do pensamento religioso” (ou “percurso construtivo”), os textos nos quais Dostoiévski melhor define sua ideia de pessoa religiosa ou de religião são, sem dúvida, O idiota e Os irmãos Karamázov. Nessas duas obras ele tenta moldar, desenhar o que seriam pessoas que, apesar de viverem no mundo do mal (leia-se o mundo da natureza desgraçada), permanecem em contato com Deus.65
64 Quando nos referimos à crítica ao ateísmo ou niilismo, para Dostoiévski significa quase uma crítica às ciências sociais. Isso porque, para ele, a abordagem do ser humano a partir de tais ciências é própria do ateísmo, pois tal sistema imagina que, através delas, seria possível uma compreensão plena do ser humano.
Deve-se ressaltar ainda que, de acordo com Evdokimov, o Ocidente é obcecado pela cruz, enquanto o Oriente não, porque este sempre esteve dentro da Igreja cristã. E, por estar nela, sempre experimentou o Reino na vida imediata. Assim, a mística ortodoxa, por ser tabórica, acaba tornando-se mais otimista em relação à vida diária, ao mundo, ao cosmo. Segundo o teólogo ortodoxo, uma das razões para isso é que os ocidentais ficaram tão longe da Palestina, sendo tão difícil e cansativo chegar lá, que acabaram por construir uma espiritualidade da cruz, da visão de Jesus mortificado, da importância do sofrimento no processo de redenção.
Todavia, vale relembrar que, para Dostoiévski, ética sem religião (tendência metateórica ativa mesmo na teologia ocidental hoje) é um tema absolutamente equivocado, que não leva ninguém a nada, isso porque, ao sairmos do universo religioso, entramos no universo do niilismo.
metanoia, um conceito grego para explicar a ideia de transformação do indivíduo a partir das contínuas visitas que Deus faz à sua alma.
“Os pregadores do materialismo e do ateísmo, que proclamam a autossuficiência do homem, estão preparando indescritíveis trevas e horrores para a humanidade sob pretexto de renovação e ressurreição.” Diário de um escritor