De repente

O título do livro foi escolhido justamente pelo jorro de inspiração que me tomou em alguns dias vivendo entre Madri na Espanha e cumprindo compromissos de trabalho em Luanda, Angola.Ao longo da minha vida sempre fui acometida de inspirações para criar, dançar, interpretar, pintar, cantar, escrever, “etc”, mas, essa foi uma das únicas vezes que consegui tomar as rédeas da minha inspiração e canalizá-la em algo material, o que eu atribuo muitíssimo ao fato de estar vivendo fora do Brasil aliado ao fato de poder escrever e produzir solo. Afinal, se fosse a montagem de uma peça de teatro, por exemplo, dependeria em muito da parceria com o outro, o que nem sempre é possível a reciprocidade nos diversos fatores que compõem um trabalho teatral.Voltando a questão do morar: Há bastante tempo que viver em São Paulo resumia-se a ir e vir ao trabalho gastando-se 4h do meu dia útil e da minha energia produtiva no trânsito da cidade, o que poda muito a possibilidade de desenvolver um trabalho criativo em sua real potência. Pessoalmente, eu tenho meu momento chave para produzir no dia e após esgotamento físico e mental, criar para um projeto pessoal como este se tornou bastante difícil. Morando em Madri e usufruindo de muito mais qualidade de vida, reduzi o tempo de trânsito em 60% (ir e vir) o que me possibilitou respeitar muito mais a minha inspiração e capacidade artística além da minha vontade em tornar públicas as minhas ideias. Além de apoderar-me do meu tempo, me apoderei da arte disfrutada na Europa, aliás o que sempre me alimentou muito e vivendo há 2 minutos do Museu Reina Sofia, posso ver "Guernica" a hora que quero ou voar 2h e me deleitar no Museu D' Orsay em Paris, p.ex.. Minh'alma sempre careceu de um trabalho artístico, de uma forma de expressão, tenho essa necessidade diária: produzir algo criativo, inédito, questionador, instigador, que traz reflexão, inquietude e incômodo. Eis a arte na minha vida! Eis minha necessidade de transcender e transgredir sempre!