Aldo, sua esposa, Cristina, e a filha, Paula, estão a passeio pela Europa. Em visita à Sicília, nas ruínas de um castelo da Antiguidade, encontram um enigmático sujeito, o qual alega ser o filósofo Platão.A cidade é a histórica Siracusa, de origem grega, onde, sabia a família, Platão algumas vezes lá esteve. Entendendo, então, tratar-se de um artista ocupado em entreter os turistas, o casal e a filha consideram as insistentes perguntas do curioso homem como um meio de interação com os visitantes.O intrigante personagem demonstra muito interesse pelo mundo retratado por Aldo e sua família. No diálogo, os principais acontecimentos e personagens da história do Ocidente são sucintamente mencionados. E algumas teorias e doutrinas também. A conversa avança e, já mais descontraídos, os personagens passam a discutir acerca de temas atuais, como transgenia, clonagem, globalização, sustentabilidade, Pós-Modernidade etc. Voltando para o hotel onde estavam hospedados, pais e filha, influenciados pelo ambiente e pelo diálogo com o ancião, conversam descontraidamente a respeito de alguns temas filosóficos, religiosos e científicos, dentre outros assuntos.Aldo volta a se encontrar com o ancião, que passa a fazer algumas considerações acerca do mundo retratado pelo rapaz e seus familiares, e também quanto ao pessimismo e mal-estar que parecem afligir seu interlocutor.A história, escrita para a filha do autor, procura ressaltar a importância do conhecimento em nossas vidas, mas o conhecimento do tipo humanístico e crítico. E que o conhecimento, apesar de imprescindível, é apenas uma parte dos esforços humanos voltados ao propósito, grego, do ?bem viver?, pois é preciso que seja engajado, que norteie nossas condutas ? que tenha repercussão moral, diria Platão. O mistério acerca da identidade do ancião se resolve ao final do texto, num diálogo cuja proposta é a de estimular a reflexão e o saber crítico, destacando as origens de nossa cultura e procurando levar-nos a questionar as nossas certezas, a pensar a respeito do que é a vida e o que entendemos por ?realidade?. Do percurso através da história até as considerações finais resta a sensação de que muitas de nossas "verdades? são expressões culturais de uma época, parte delas ?herdadas? e quase sempre convenientes, frutos de nossos anseios e temores. Apesar da diversidade cultural, contudo, parecem existir valores historicamente reincidentes, que traspassam o tempo e o espaço. E esta sensação nos faz lembrar o pensamento do filósofo Platão, para quem há um mundo mais consistente escondido por detrás da diversidade aparente.
Diálogo em Trinakria
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