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    Diário de inverno

    Por Paul Auster
    Existem 2 citações disponíveis para Diário de inverno

    Sobre

    Um dos maiores escritores norte-americanos de nosso tempo, Paul Auster faz uma viagem sentimental pelo passado, meditando sobre o corpo, o tempo e a memória.


    Em 1982, com a publicação de seu primeiro livro em prosa, A invenção da solidão, um jovem Paul Auster chamou a atenção do público e da crítica ao escrever sobre a paternidade. Trinta anos depois, já amplamente consagrado, ele escreve seu segundo livro de memórias, no momento em que adentra a velhice.

    Se em sua estreia o escritor se debruçou sobre a figura do pai, que havia acabado de morrer, em Diário de inverno Auster dá destaque à mãe, que se divorciou do marido e se tornou uma pária dentro da própria família. Em meio a lembranças dos jogos de beisebol, do primeiro relacionamento sério, fadado a dar errado, e do dia em que conheceu sua segunda mulher, Auster relembra a luta da mãe para criar os filhos sozinha, sua dedicação ao trabalho, o segundo e o terceiro casamentos, a dependência financeira na velhice e sua morte.

    Neste livro nada convencional de memórias, os fãs de Auster reconhecerão muitas das virtudes de seus livros anteriores, como a sensibilidade, o estilo claro e lúcido, o fascínio pela arte e pelo esporte. Ao falar das mudanças de casa, das brigas, do amor pela família e pelos amigos, e principalmente do envelhecimento, este relato de uma experiência pessoal se transforma no retrato de uma experiência universal com a qual todos poderão se identificar.

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    Citações de Diário de inverno

    Sempre perdido, sempre saindo na direção errada, sempre rodando em círculos. A vida inteira você sofreu de uma incapacidade de se orientar no espaço, e até mesmo em Nova York, uma cidade onde é facílimo se nortear, a cidade onde você passou a maior parte da sua vida adulta, com frequência você se perde. Toda vez que toma o metrô no Brooklyn para ir a Manhattan (quando pega o trem certo, e não parte em direção aos confins do Brooklyn), você faz questão de parar um minuto para se orientar depois que sobe a escada da estação e chega à rua, e mesmo assim você acaba indo para o norte em vez de para o sul, para o leste em vez de para o oeste, e mesmo quando quer ser mais esperto e, consciente de sua tendência a tomar a direção errada, para corrigir o erro decide ir no sentido contrário ao que pretendia tomar, virando à direita em vez de à esquerda, mesmo assim você acaba indo para o lado errado, por mais ajustes que tenha feito.

    Você não pode ver-se a si próprio. Só sabe como é a sua aparência por causa dos espelhos e fotografias, mas enquanto você caminha pelo mundo, em meio a seus semelhantes, sejam eles amigos ou desconhecidos ou até mesmo as pessoas mais queridas e mais íntimas, seu próprio rosto lhe é invisível. Dá para ver outras partes de seu corpo, os braços, as pernas, as mãos, os pés, os ombros, o torso, mas apenas de frente, por trás só pode ver as pernas, dobrando-as para que fiquem na posição correta, mas não o rosto, jamais o rosto, e no final das contas — pelo menos do ponto de vista das outras pessoas — o rosto é quem você é, é o fato essencial da sua identidade. Os passaportes não trazem fotos das mãos nem dos pés. Até mesmo você, que vive dentro do seu próprio corpo há sessenta e quatro anos, talvez não conseguisse reconhecer seu próprio pé isolado numa fotografia, para não falar na orelha, no cotovelo, ou num de seus olhos em close. Tudo isso lhe é muito familiar no contexto do todo, mas cada parte é inteiramente anônima quando tomada isoladamente. Somos todos desconhecidos para nós mesmos, e se fazemos alguma ideia de quem somos, é apenas porque vivemos dentro dos olhos dos outros.

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