O ser humano se tornou um macaco de hábitos refinados e virtudes estranhas. Trocou as mãos pelos talheres, as lanças pelos mísseis, a ignorância pela escola, a liberdade pelas leis. Trocou a justiça pela segurança. Criou também as ciências exatas e a filosofia, para poder se cercar de propósitos e sabedoria. Mas criou também esta estranha filosofia das ciências capitalistas. Criou a política e os políticos para administrarem o bem público... estranhamente o bem público está desaparecendo. Foi criando leis e regras para provar a si mesmo que era algo diferente, organizado, disciplinado,
humano. E não animal selvagem. Parece que deu "frutos"... Através da filosofia quis transformar o macaco em sábio. Através da justiça quis dar um basta a todos que não se dispunham as regras, e portanto selvagens... Nada de selvageria! Disse certa vez. Só quando assim a justiça o
permitir. Os ricos agradecem. E os fodidos? A gente já sabe... Foi substituindo seus urros e gritos por códigos, que se transformaram em palavras. Para simplificar, dizia ele. Mas acabou complicando. Não se enganem! As palavras nunca dizem o que realmente querem dizer.
E com seus perfumes e trajes ele foi provando a si mesmo que era especial, e de vez se livrou do selvagem que insiste em se chamar: Humano.
José Montanha
Disfarces do macaco humano: ou manual da insubmissão
Sobre
Talvez você seja redirecionado para outro site