DO BENEFICIO DE JESUS CRISTO CRUCIFICADO: OBRAS CLASSICAS DA REFORMA

Este livro não pode faltar numa coleção de obras clássicas da Reforma. Tanto pela sã doutrina que busca restaurar, como pelo seu magnífico estilo e forma de apresentação, sua leitura produziu no século XVI, na Itália, frutos saudáveis de justiça e santidade. Este livro apareceu, sem nome de autor, no ano de 1542. No ano seguinte se reimprimiu em Veneza, cuja edição, disse o bispo Vergerio, foram feitos 40.000 exemplares, que foram vendidos rapidamente, o que demonstra que os amigos da reforma na Itália eram numerosos. Em 1555 foi publicada outra edição e provavelmente houve outras depois das quais, entretanto, não tem sido encontrados exemplares. Caraccioli escrevia naqueles tempos: "Aquele livro de Benefício de Cristo foi impresso muitas vezes, mas especialmente em Modena, por ordem de Morini". Desse livro se fizeram várias traduções. Apareceu em francês em 1545 e 1552; em inglês em 1573, 1633 e 1638; em dialeto croata em 1563 e outra em 1565. Pelas proibições que aparecem no Índice se sabe que também foi traduzido e publicado em castelhano, mas são se tem conhecimento da existência de nenhum exemplar neste idioma. Um autor daqueles tempos disse que aterrorizada a Inquisição pelos efeitos que estava produzindo sua leitura "o buscou com seus cem olhos e o castigou com seus mil braços" com o fim de destruir até o último exemplar. Se pensou que havia conseguido, pois nem o filósofo Schelhorn, nem MacCrie, autor da História da Reforma na Itália puderam encontra-lo apesar de seus constantes empenhos. Macaulay chegou a proclamá-lo irremediavelmente perdido. Felizmente investigações posteriores tiveram melhor resultado e se encontraram três exemplares, um na Universidade de Leibac e dois no Colégio de San Juan, em Cambridge. Depois deste achado foram feitas várias edições em italiano e traduções ao francês e ao inglês. Se ignora quem foi o autor deste livro. Num tempo se creu que foi Aonio Paleario, destacada figura do protestantismo italiano que sofreu o martírio em 1570; mas esta crença teve sua origem na confusão que se fez deste livro com um folheto de título muito parecido publicado pelo mártir. Muitos creem que seu verdadeiro autor foi um frei beneditino, chamado Benito de Mantua, que o escreveu ao pé do Etna, e que foi revisado e melhorado em seu estilo por Marco Antônio Flaminio. Juan de Valdés, o reformista espanhol radicado em Nápoles, não é alheio a este trabalho como pode ver-se pelos pensamentos, expressões, giros e figuras, muito semelhantes às que ele emprega em suas "Cento e Dez Considerações". Não há dúvidas de que o autor pertencia à escola do distinguido mestre espanhol. Outra obra que teve um papel muito importante na Reforma na Itália é a que leva o título "Sumário da Doutrina Cristã", que é de se desejar seja traduzida e publicada nesta coleção. Agradecemos ao senhor José A Pistonesi a tradução que nos brinda desta obra, que foi chamada o credo dos evangélicos italianos, e rogamos a Deus que sua publicação seja tão proveitosa, em nossos dias, como foi ao aparecer em sua língua original nos passados dias do século XVI. JUAN C VARETTO.