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    Do desejo

    Por Hilda Hilst
    Existem 10 citações disponíveis para Do desejo

    Sobre

    Compilação de sete livros de poesia da escritora paulista, Do desejo reúne os títulos Sobre a tua grande face (1986), Amavisse (1989), Via espessa (1989), Via vazia (1989), Alcoólicas (1990), Da noite (1992) e Do Desejo (1992), que dá nome ao volume. Disposta em seqüência não-cronológica, a reunião desses livros, sugerida pela própria autora, permite novas interpretações na leitura do conjunto.
    A temática que permeia e une todas as obras, como o próprio título mostra, é o desejo. Entretanto, se em Do Desejo e Da Noite - que abrem a compilação - a referência é a volúpia causada por um amante presente e real, nos demais volumes a paixão adquire caráter metafísico e pode representar, entre outras abstrações, a eternidade. O carnal é o caminho para tocar o divino, divino este cuja busca esteve sempre presente na literatura de Hilda Hilst.
    Em Amavisse, terceira parte dessa reunião, seu lirismo tem como inspiração objetos cotidianos e simples como duas maçãs ao relento ou memórias de dias ensolarados em que a persona lírica encontrava-se apaixonada. A solidão também serve de matéria-prima para seus versos, imbuídos da ausência do ser amado, que neste momento já não pode representar o objeto do desejo, uma vez que ele se configura na busca da paixão em si mesma.
    Se não há a existência de figuras físicas - como o amante - em Amavisse, em Via espessa um louco se materializa para a poeta. A imagem do louco, definida como a própria sombra da escritora, surge como símbolo da vida, em certos momentos desdenhando das inquietações daquela que o observa e que, por sua vez, recebe a denominação hindu de Samsara. A celebração da vida presente em Via Espessa, porém, acaba por dar lugar às especulações sobre a morte e novamente sobre o divino em Via vazia.
    Alcoólicas, título considerado item de colecionador entre os leitores de Hilda Hilst, entra no conjunto de Do desejo simbolizando o culto poético ao torpor causado pelo álcool. Curiosamente encerrando esta edição, Sobre a tua grande face - em termos cronológicos, o mais antigo da coletânea - traz o diálogo da poeta com um Deus inatingível, onipotente, revelando que a permanência do desejo é uma dolorosa via de destruição do humano.
    Se há pequenas variações nas temáticas dos títulos reunidos nesta compilação, a natureza comum que as une reforça a visão poética da autora. Em várias entrevistas que concedeu, Hilda Hilst declarou que importante para o homem é estar sempre apaixonado, seja por pessoas ou idéias. Tal concepção é mostrada por ela com toda plenitude em Do desejo.
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    Citações de Do desejo

    Lembra-te que há um querer doloroso E de fastio a que chamam de amor.

    Um poema pulsante   Ainda que imperfeito quer nascer.

    Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer.

    Costuro o infinito sobre o peito Como aqueles que amam.

    Quem és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.

    Sou isto: um alguém-nada que te busca. Um casco. Um cheiro. Esvazia-me de perguntas. De roteiro. Que eu apenas suba.

    Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida Árdua Construtor de ilusões examino-te sôfrega Como se fosses morrer colado à minha boca. Como se fosse nascer E tu fosses o dia magnânimo Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer.

    De uma fome de sonhos Tento voltar àquelas geografias De um Fazedor de versos e sua estrada. Aliso os grandes dorsos Memorizo este ser que me sou

    Águas. Onde só os tigres mitigam a sua sede. Também eu em ti, feroz, encantoada Atravessei as cercaduras raras E me fiz máscara, mulher e conjetura. Águas que não bebi. Crepusculares. Cavas. Códigos que decifrei e onde me vi mil vezes Inconexa, parca. Ah, toma-me de novo Antiquíssima, nova. Como se fosses o tigre A beber daquelas águas.

    XVIII Será que apreendo a morte Perdendo-me a cada dia No patamar sem fim do sentimento? Ou quem sabe apreendo a vida Escurecendo anárquica na tarde Ou se pudesse Tomar para o meu peito a vastidão O caminho dos ventos O descomedimento da cantiga.   Será que apreendo a sorte Entrelaçando a cinza do morrer Ao sêmen da tua vida?

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