Dom Casmurro é um romance de formação. Um livro de memórias ?escrito? pelo próprio personagem e publicado na segunda metade do século XIX, mas o tempo da narrativa é psicológico, e não cronológico.
O enredo apresenta uma estrutura circular, começa com Bentinho já velho, viúvo, sozinho, tentando escrever suas memórias desde a infância. E, na intertextualidade utilizada por Machado, o narrador faz várias paródias, uma com ?Otelo", de Shakespeare, devido ao tema do ciúme e traição presente nas duas obras. Outra com "Ilíada" de Homero: no capítulo 125, "Uma comparação", Bentinho é obrigado a fazer um discurso em honra do suposto amante de sua mulher - em Ilíada, o rei de Tróia, Príamo, teve que beijar a mão de Aquiles, assassino de seu filho Heitor.
No capítulo 101, ?No céu?, dialoga com tempos bíblicos para descrever a noite de núpcias. Como também evoca o mito de Abraão e Isaac: no Velho Testamento, Deus pede que Abraão sacrifique seu filho Isaac em seu nome. Porém, na hora em que Abraão ia imolar seu próprio filho, o Anjo do Senhor aparece impedindo e um carneiro é oferecido em lugar de Isaac. Em "Dom Casmurro", a mãe de Bentinho promete seu filho a Deus (ele seria padre) antes mesmo de o conceber. Porém, ele se apaixona por Capitu e lutam para ficarem juntos. O amor de Capitu consegue anular a promessa feita pela mãe dele, e assim, os dois se casam.
Poucos são os escritores que transformam um personagem em tema de discussão permanente. Com o romance Dom Casmurro, Machado de Assis criou uma das questões mais misteriosas da literatura brasileira: Capitu traiu ou não traiu Bentinho?
Em Dom Casmurro, propositadamente, com habilidade Machado coloca essa dúvida na cabeça do leitor..., sempre há uma sugestão, jamais a confirmação. Desta forma, quem lê não sabe se acredita ou não nas palavras do narrador confidente de um marido excessivamente ciumento.
Machado de Assis deixa muitas dúvidas e incertezas. Todas as situações e personagens são apresentados de forma dúbia, para que, quando o leitor termine a leitura se pergunte ?E agora? Como vou saber??.
Ó, dúvida cruel. Capitu - culpada ou inocente? Agora, você decide.
AS MIL VOZES DE MACHADO. Como a obra de Machado de Assis, graças ao seu humor ingênuo e ao refinamento estilístico, comunica-se com facilidade com leitores de todas as gerações. Marcado por uma linguagem original e muita criatividade, destaca em seus textos uma combinação tropical, provocante e atraente, especialmente, da sociedade urbana do final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, cidadãos comuns sob uma perspectiva civilizada.
Crítico perspicaz, jocoso, mergulha em questões estéticas, políticas e religiosas, abordando diálogos decisivos para a compreensão do Realismo da Literatura Brasileira, que ganhou força e novos caminhos na pena de Joaquim Maria Machado de Assis para explorar outros horizontes.
Com seus ensaios, o escritor brasileiro passou a integrar a brilhante tradição de contistas da literatura ocidental, como o russo Anton Tchecóv ou o francês Guy de Maupassant, - ambos atuais. Autores que escreveram histórias curtas para retratar momentos reveladores do cotidiano e da psique das pessoas comuns, narrando fatias da vida.
Todo cidadão, cuja a língua pátria é o Português, deve ler seus autores com afinco e estudar o idioma de forma regular, onde quer que esteja. A eles sugiro que coloquem em suas listas de leitura, igualmente, livros de Machado de Assis, cuja rica obra será importante para a prática eficaz do idioma. Portanto, recomendo aos leitores percorrer a obra completa do autor, garimpando em seus vários livros de contos, outras preciosidades. Sem ele, contar a história da Literatura do Brasil é impossível.
Os ensaios de Machado de Assis são verdadeiras e surpreendentes novelas românticas com princípio, meio e fim ? nada a perder -, mostrando que entendia da alma humana como ninguém; um artista para todas as gerações.
O enredo apresenta uma estrutura circular, começa com Bentinho já velho, viúvo, sozinho, tentando escrever suas memórias desde a infância. E, na intertextualidade utilizada por Machado, o narrador faz várias paródias, uma com ?Otelo", de Shakespeare, devido ao tema do ciúme e traição presente nas duas obras. Outra com "Ilíada" de Homero: no capítulo 125, "Uma comparação", Bentinho é obrigado a fazer um discurso em honra do suposto amante de sua mulher - em Ilíada, o rei de Tróia, Príamo, teve que beijar a mão de Aquiles, assassino de seu filho Heitor.
No capítulo 101, ?No céu?, dialoga com tempos bíblicos para descrever a noite de núpcias. Como também evoca o mito de Abraão e Isaac: no Velho Testamento, Deus pede que Abraão sacrifique seu filho Isaac em seu nome. Porém, na hora em que Abraão ia imolar seu próprio filho, o Anjo do Senhor aparece impedindo e um carneiro é oferecido em lugar de Isaac. Em "Dom Casmurro", a mãe de Bentinho promete seu filho a Deus (ele seria padre) antes mesmo de o conceber. Porém, ele se apaixona por Capitu e lutam para ficarem juntos. O amor de Capitu consegue anular a promessa feita pela mãe dele, e assim, os dois se casam.
Poucos são os escritores que transformam um personagem em tema de discussão permanente. Com o romance Dom Casmurro, Machado de Assis criou uma das questões mais misteriosas da literatura brasileira: Capitu traiu ou não traiu Bentinho?
Em Dom Casmurro, propositadamente, com habilidade Machado coloca essa dúvida na cabeça do leitor..., sempre há uma sugestão, jamais a confirmação. Desta forma, quem lê não sabe se acredita ou não nas palavras do narrador confidente de um marido excessivamente ciumento.
Machado de Assis deixa muitas dúvidas e incertezas. Todas as situações e personagens são apresentados de forma dúbia, para que, quando o leitor termine a leitura se pergunte ?E agora? Como vou saber??.
Ó, dúvida cruel. Capitu - culpada ou inocente? Agora, você decide.
AS MIL VOZES DE MACHADO. Como a obra de Machado de Assis, graças ao seu humor ingênuo e ao refinamento estilístico, comunica-se com facilidade com leitores de todas as gerações. Marcado por uma linguagem original e muita criatividade, destaca em seus textos uma combinação tropical, provocante e atraente, especialmente, da sociedade urbana do final do século XIX, na cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, cidadãos comuns sob uma perspectiva civilizada.
Crítico perspicaz, jocoso, mergulha em questões estéticas, políticas e religiosas, abordando diálogos decisivos para a compreensão do Realismo da Literatura Brasileira, que ganhou força e novos caminhos na pena de Joaquim Maria Machado de Assis para explorar outros horizontes.
Com seus ensaios, o escritor brasileiro passou a integrar a brilhante tradição de contistas da literatura ocidental, como o russo Anton Tchecóv ou o francês Guy de Maupassant, - ambos atuais. Autores que escreveram histórias curtas para retratar momentos reveladores do cotidiano e da psique das pessoas comuns, narrando fatias da vida.
Todo cidadão, cuja a língua pátria é o Português, deve ler seus autores com afinco e estudar o idioma de forma regular, onde quer que esteja. A eles sugiro que coloquem em suas listas de leitura, igualmente, livros de Machado de Assis, cuja rica obra será importante para a prática eficaz do idioma. Portanto, recomendo aos leitores percorrer a obra completa do autor, garimpando em seus vários livros de contos, outras preciosidades. Sem ele, contar a história da Literatura do Brasil é impossível.
Os ensaios de Machado de Assis são verdadeiras e surpreendentes novelas românticas com princípio, meio e fim ? nada a perder -, mostrando que entendia da alma humana como ninguém; um artista para todas as gerações.