Quando o papa João Paulo II se encontrava com a terrível problemática da Síndrome de Parkinson, já não podendo apresentar-se ao público, o Vaticano recebeu uma solicitação do Governo de Israel para que ele concedesse uma entrevista ao Rabino mais influente do século XX. Tratava-se do Rabino Meir Lau6, um homem extraordinário. Teólogo do rabinato, ele havia granjeado a simpatia de todos os judeus, quer aqueles que se encontravam na Palestina, ou em diversos países do mundo. Face à problemática de saúde do Papa, surgiu um grande entrave, pois que ele não tinha condições para falar, para deter-se por muito tempo diante do público, mas se, por acaso, o Vaticano negasse, mesmo com justas razões, seria criada um situação diplomática embaraçosa, porquanto o Papa oportunamente visitara palestinos e judeus, rompendo as dificuldades que se haviam prolongado por séculos entre a Igreja Católica de Roma e aquelas duas nações. Levado ao conhecimento do Papa a proposta hebraica, ele meditou um pouco e, com muita dificuldade, respondeu que poderia aceitá-la, com duas condições: a entrevista deveria ser breve e, nessa entrevista, ele falaria o mínimo possível. Estabelecidas as demarchas, os enviados de Israel aceitaram, considerando-se a saúde do Chefe da Igreja Católica. No dia aprazado, numa sala especial do Vaticano, com a imprensa credenciada, foi realizada a reunião. O Papa postou-se na atitude de um paciente grave, e o Rabino, que contava mais ou menos 60 e poucos anos, aproximou-se, saudou a todos e começou a entrevista dizendo: — Excelência — não o chamou de Santidade, conforme recomendava o protocolo —, eu venho aqui para contar-lhe uma história. “Durante a Segunda Guerra Mundial, no ano de 1942, em uma aldeia no norte da Polônia, os nazistas, fazendo a seleção dos judeus para os campos de extermínios, levaram um pai de família. E, de imediato, ele foi para os fornos crematórios, depois de passar pela câmara de gás. A senhora que ficara com o filho de 2 anos logo p
