Longe de encontrarmos uma obra efervescente, típica dos inéditos na literatura, nos deparamos com um texto tranquilo, maduro e que prima pela originalidade. As personagens fogem dos estereótipos: mocinho – vilão e se revestem de humanidade. Por isso, torna-se fácil apegarmo-nos a eles, como se fossem amigos ou parentes. O autor nos incomoda com a personagem Maria Luísa, que mesmo tendo passado dos cinquenta anos, vive o resgate de um grande amor da juventude. Por que nos incomoda? Porque nossa sociedade e, dela não podemos nos eximir, está acostumada às paixões torrenciais da mocidade, que fazem corar, levitar, sair do cotidiano... E fica perplexa com os amores maduros que não veem no tempo um adversário, mas um aliado, quiçá um companheiro a quem se confiou a vida com seus sonhos e devaneios. Ao ler, Enfim, te encontrei..., tem-se a oportunidade de enveredar por uma réstia da história recente de Portugal e conhecer tipos humanos que deram rosto às revoluções que fizeram parte do processo de libertação e crescimento do povo lusitano. É uma pausa ímpar para se refletir sobre quem participa de conflitos armados. Geralmente nos acomodamos com as estatísticas e nos esquecemos que cada homem que tomba, o faz levando pais, filhos, sonhos, desejos que se misturam na pólvora em instantes de sofrimento e angústia tão bem descritos pelo autor. Ladeando Maria Luísa e Armando estão outras tantas personagens ricamente trabalhadas em sua estrutura, pois se a arte imita a vida, e a literatura, sem dúvida, também é arte, cada homem, cada mulher traz uma composição única, cheia de mistérios e beleza. Assim, nos deparamos com Zeca, Miguel, Josefa e outros, cujas histórias se entrelaçam. Por outro viés, podemos assegurar que, Enfim, te encontrei..., faz apologia à vida em todas as instâncias, e vida em abundância. Mostra-nos que viver é como dançar ciranda: é preciso estar sempre disposto a pegar a mão de quem chega, acertar o passo conforme o ritmo e continuar. Assim, temáticas como sexualidade, vício, solidão e empregabilidade na idade mais avançada, são tratadas pelos personagens de forma terna, mas sem pieguismo, e lúdica, mas sem banalidade. Recomenda-se a leitura como impulso à quebra de paradigmas que nos impedem de reinventar a vida e de sermos criativos na construção da felicidade!
Enfim, Te Encontrei…
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