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    Fantasma sai de cena

    Por Philip Roth
    Existem 13 citações disponíveis para Fantasma sai de cena

    Sobre

    Nathan Zuckerman - protagonista de diversos romances de Philip Roth - está de volta, possivelmente pela última vez. Velho, há anos vivendo no interior da Nova Inglaterra, Zuckerman vai a Nova York para uma consulta médica, decidido a tentar uma intervenção cirúrgica que poderá resolver tanto sua incontinência urinária como sua impotência. Em Manhattan, o escritor reencontra Amy Bellette, mulher que o atraíra quase cinqüenta anos antes, agora idosa e doente; trava contato com Billy e Jamie, jovem casal interessado em trocar de residência com ele por um ano; e conhece um investigador literário que pretende escrever a biografia de E. I. Lonoff, contista que Zuckerman idolatrava quando jovem e que, em seus últimos anos, viveu com Amy Bellette. Determinado a impedir que o biógrafo de Lonoff leve a cabo seu projeto, o qual implicará a divulgação de um segredo mantido oculto por Lonoff e Amy por todos esses anos, Zuckerman decide permanecer em Nova York; ao mesmo tempo, porém, constata que, por absurdo que pareça, está completamente apaixonado por Jamie, quarenta anos mais moça do que ele, e que precisa desfazer o plano de troca de casas para que ela permaneça na cidade. Dividido entre suas maiores paixões, as mulheres e a literatura, em poucos dias Zuckerman dá por si imerso num mundo de desejos e intrigas que imaginava ter abandonado para sempre.

    Em Fantasma sai de cena, Roth volta aos temas da velhice e da proximidade da morte, tratados em O animal agonizante e Homem comum. Aqui, a ênfase recai no conflito entre a decadência física e mental causada pela idade e a intensidade do desejo, cuja força avassaladora e irracional permanece intacta; tal como - reforçando o paralelo entre criador e criatura - o vigor narrativo e a inteligência analítica de Roth, que continuam mais afiados do que nunca.

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    Citações de Fantasma sai de cena

    jornal e, à noite, ligando para os amigos para ficar bufando de indignação por causa dos lucros perniciosos que faziam o patriotismo autêntico de uma nação ferida ser explorado por um rei imbecil,

    hábito da solidão, da solidão sem angústia, se apossou de mim, e junto com

    você vai virar o típico maníaco das cartas à redação, o velho ranzinza do pedaço, manifestando a síndrome com toda a sua rabugice ridícula: explodindo de raiva

    De volta ao drama, ao momento, ao turbilhão dos acontecimentos! Quando percebi que minha voz estava se elevando, não tentei contê-la. É doloroso estar no mundo, mas há também uma sensação de vigor. Quando fora a última vez que eu sentira a emoção de enfrentar alguém? Ponha para fora a intensidade! Ponha para fora a agressividade! Uma lufada rejuvenescedora do velho impulso aguerrido me fizera reassumir o antigo papel, Kliman e Jamie haviam feito minha virilidade renascer, a virilidade da mente e do espírito e do desejo e da intenção, a vontade de estar de novo com outras pessoas e voltar a brigar e voltar a ter uma mulher e sentir mais uma vez o prazer de ter poder. Tudo aquilo voltara — o homem viril voltara à vida! Só que virilidade não há mais. Tudo que existe é a brevidade das expectativas.

    Você gosta da trapaça. Você acha que prejudicar os outros é mais um direito seu. Estritamente falando, você nem está prejudicando ninguém — está apenas exercendo um direito seu porque seria burrice abrir mão dele.

    Uma carta escrita por um escritor pelo qual ele tem a maior admiração, e que foi lida aos vinte e poucos anos de idade, ainda é uma lembrança viva para ele, mas o lugar e a hora de um compromisso acertado na véspera ele esquece por completo. “O centro de gravidade”, escreveu Tchékhov em 1886, “deve se concentrar em dois elementos: ele e ela.” Assim deve ser. Assim era. E assim nunca mais voltará a ser.

    Eu estava descobrindo, aos setenta e um anos, o que é estar tresloucado. Provando que a autodescoberta, afinal, nunca termina. Provando que o drama normalmente associado aos jovens quando dão início à vida adulta — os adolescentes, os jovens como o novo capitão determinado de A linha de sombra — também pode surpreender e dominar os idosos (até aqueles que estão firmemente decididos a não sucumbir a qualquer espécie de drama), mesmo em circunstâncias que indicam a proximidade do fim.

    ‘O fim é imenso, é sua própria poesia. Quase não pede retórica. É só enunciá-lo tal como ele é’.

    Mas o quociente de dor que a gente sofre já não é chocante o bastante para não precisar de uma amplificação ficcional, que dê às coisas uma intensidade que é efêmera na vida e que por vezes chega a passar despercebida? Não para algumas pessoas. Para umas poucas, muito poucas, essa amplificação, que brota do nada, insegura, constitui a única confirmação, e a vida não vivida, especulada, traçada no papel impresso, é a vida cujo significado acaba sendo mais importante.

    Hoje em dia, a maneira mais comum de utilizar a literatura, tal como se vê nas páginas de cultura dos jornais mais esclarecidos e nos departamentos de letras das universidades, é tão avessa aos objetivos da literatura criativa e às compensações que ela proporciona ao leitor de mente aberta, que seria melhor se a literatura não tivesse mais nenhuma utilidade pública.

    Eu via a careca dele brilhando à luz da lâmpada da luminária, quando ele ficava lendo a noite toda depois do jantar, sublinhando com cuidado o que lia e parando pra pensar e anotar uma frase no caderno espiral, e eu pensava: este homem é único.”

    A integridade do informante do jornalista jamais é questionada — só se questiona a integridade do escritor. O escritor passa anos trabalhando no texto, aposta tudo que tem no seu trabalho, escreve cada frase sessenta e duas vezes e no entanto não tem nenhuma consciência literária, compreensão nem meta geral. Tudo que o escritor constrói meticulosamente, juntando trechos e detalhes, não passa de um truque, de uma mentira. O escritor não tem nenhuma motivação literária. Não tem nenhum interesse em representar a realidade. Suas motivações são sempre pessoais, e geralmente vis. E essa descoberta é confortadora, pois revela que esses escritores não apenas não são superiores às outras pessoas, como afirmam ser — são piores ainda. Esses gênios terríveis! O fato de que a ficção séria

    ‘Nós, que lemos e escrevemos — nosso tempo passou, somos fantasmas testemunhando o fim da era da literatura — escreva o que vou dizer’.

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