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    Fico besta quando me entendem: entrevistas com Hilda Hilst

    Por Cristiano Diniz
    Existem 6 citações disponíveis para Fico besta quando me entendem: entrevistas com Hilda Hilst

    Sobre

    Uma das mais importantes vozes literárias do Brasil, Hilda Hilst (1930 – 2004) se queixou durante toda a vida do silêncio em torno de sua obra – incompreensão da crítica, distância do público e descaso dos editores. As vinte entrevistas reunidas em Fico besta quando me entendem, lançamento da Biblioteca Azul – editora completa de sua obra –, foram feitas de 1952 a 2002 em diversas ocasiões, como o lançamento de um de seus títulos, a estreia de uma de suas peças ou, mais tarde, em uma homenagem e tentativa de compreender sua obra. Mais do que pretender dar voz às queixas que foram responsáveis por uma imagem muitas vezes arredia da autora, a reunião dessas conversas é uma preciosa aproximação de seu universo, da forma como Hilda encarava a vida, a literatura, os amigos, o amor e a morte. E desvendam, ao longo de vinte anos, uma mulher sensível, bem humorada, ávida por ser lida – não apenas por vaidade, mas pela certeza de ter o que comunicar. Considerada uma das mais importantes escritoras contemporâneas do Brasil, Hilda Hilst produziu, ao longo de cinquenta anos, um universo literário composto de poesia, teatro, prosa de ficção e crônicas. Seu texto, muitas vezes considerado controverso pela crítica, é denso, duro, viril, mas mantém o lirismo da poeta e a vontade de comunicar os mistérios do mundo. Nesse emaranhado literário, muitas vezes o leitor se perde: há um limite entre a prosa e a poesia? A prosa não pode ser também lida teatralmente? A sátira das crônicas não está também presente em alguns poemas? A crítica tem se voltado à tentativa de compreender essas questões. No entanto, o que se vê com as entrevistas reunidas em Fico besta quando me entendem é que quem é mais capaz de determinar essas fronteiras entre os gêneros literários produzidos por Hilda Hilst é ela mesma. Muitas vezes tida como obscura, árida e mesmo obscena, Hilda, na conversa pessoal, bem-humorada e explicativa, tendo como interlocutores leitores finos e amigos íntimos, demonstra nessa reunião de conversas uma séria consciência na construção de sua obra e uma análise perspicaz de sua personalidade. As entrevistas de Fico besta quando me entendem iluminam o legado da escritora, ainda cheio de meandros a serem descobertos.
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    Citações de Fico besta quando me entendem: entrevistas com Hilda Hilst

    Meus poemas nascem porque precisam nascer. Nascem do inconformismo. Do desejo de ultrapassar o Nada. As emoções sentimentais raramente inspiram a minha poesia, que quase sempre surge de um problema maior – o problema da morte, morte não no sentido metafísico de tudo quanto possa advir depois de acontecida. O que faz nascer a minha poesia é a não aceitação de que um dia a vida se diluirá e, com ela, o amor, as emoções do sonho e toda essa força em potencial que vive dentro de nós.

    Porque eu acho terrível a desagregação disso que nós somos, pensamos, amamos – enfim, alguém que formulou pensamentos, que teve aventuras, emoções, e de repente apodrece, caralho, com milhões de vermes te comendo, e tchau. Nunca me conformei com isso.

    “estão terrivelmente sozinhos / os doidos, os tristes, os poetas”.

    Também o ato de escrever para mim revela às vezes a insegurança, pois o escritor é um ser frágil, inseguro, ansioso, que procura respostas para todos os mistérios da vida.

    Quero ser lida em profundidade e não como distração, porque não leio os outros para me distrair mas para compreender, para me comunicar. Não quero ser distraída.

    A poesia é algo além da emoção. Ela é um modo de disciplinar o dizer amoroso.

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