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    Filosofando no cinema: 25 filmes para entender o desejo

    Por Ollivier Pourriol
    Existem 13 citações disponíveis para Filosofando no cinema: 25 filmes para entender o desejo Baixar eBook Link atualizado em 2017
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    Citações de Filosofando no cinema: 25 filmes para entender o desejo

    Educar uma criança é fazê-la sair de si e de sua casa. Ex-ducere: conduzir para fora de. A educação consiste em conduzir uma criança para fora de sua família a fim de torná-la independente e autônoma, capaz de se curvar diante das leis que preexistem a ela, a lei do exterior, a lei do real.

    Para Freud, quando alguém deseja a mulher de outro homem está na realidade desejando o marido dela. Logo, se você deseja que desejem sua mulher, você deseja que desejem você.

    “Acariciar com os olhos ou desejar são uma única e mesma coisa.”

    Um filme é uma viagem dentro do desejo do outro, no mundo de seu desejo, uma viagem da qual retornamos sempre mais ricos, ricos de um mundo, mas sobretudo ricos de desejo.

    Sartre, que chegou a ser apontado como o filósofo do engajamento, afirma que o desejo engaja a consciência no corpo, “embaçando-a”, fazendo-a decair. Percebemos que esse engajamento não lhe agrada muito, tem um gosto de barganha, de erro juvenil. Mas aí reside toda a beleza do desejo, e todo o seu turvamento. Nele, só podemos ser por inteiro.

    O desejo realiza o impossível: as núpcias do Ser com o Nada.

    Não permanecemos no limiar do desejo: mergulhamos nele, nos arriscamos nele. Nele, a clara consciência se ilude, se turva e se agarra. Afoga-se talvez, ou se dilui, depende; enfim, encarna-se.

    Em De olhos bem fechados, Kubrick repete a mirada de O desprezo de Godard, mas com Nicole Kidman. Primeiro plano do filme: Nicole Kidman, de costas, de pé no luxuoso banheiro cheio de colunas antigas, deixa cair o vestido e exibe as nádegas ao espectador. Escultural, divina, está emoldurada pelas colunas, as cortinas vermelhas, e tem o chão de mármore como pedestal, exprimindo a universalidade ideal de sua beleza e a linhagem sobrenatural de suas formas. Um corpo de estátua. Afrodite no banho. Objeto de desejo absoluto. O equivalente de Brigitte Bardot. Mas se tivéssemos de proceder ao mesmo inventário feito por Camille, dos pés à cabeça, passando pelas massas de carne menos diferenciadas, em que lugar exatamente se encontraria o desejável? É possível localizar o que torna um corpo desejável?

    Em O desprezo, todos ou quase todos são desprezíveis, excetuando-se o diretor (aliás, Fritz Lang encenando seu próprio papel!): o produtor americano, ao mesmo tempo sedutor e escravagista, comprador de mulheres; o roteirista, ao mesmo tempo garoto de programa e proxeneta, que vende a alma a fim de comprar um apartamento para a mulher; sua mulher, ingênua e puta, mas puta por desilusão, oferecida como repasto pelo marido mercenário. No fundo, ela é menos puta do que ele, ela não é nada puta. Ele, cúmplice do produtor e fechando covardemente os olhos para a barganha sexual à qual se presta, fazendo com que ela a isso se preste. Ele a vende em troca de um contrato como roteirista. Decepcionada, ela se entrega ao produtor. Você

    O desejo não resulta da soma das partes, por mais belas que sejam, mas da atitude, que é a do todo, e da situação, que supõe um contexto e uma concatenação singular.

    Touro indomável, filme de Martin Scorsese realizado a partir das recordações do “Touro do Bronx”, Jack la Motta, interpretado por Robert De Niro, nos faz mergulhar num universo em que matar com o olhar não é uma simples imagem: o boxe. Décimo-terceiro round. Jack la Motta, vulgo “Touro Indomável”, é dominado e maltratado por Sugar Ray Robinson. Após uma série de socos extremamente violentos, o “Touro”, embora completamente grogue, recusa-se a ir à lona e agarra-se às cordas, onde seu adversário vai literalmente massacrá-lo. O olhar de La Motta-De Niro nesse ponto preciso do combate merece uma atenção especial. Do ponto de vista esportivo, a derrota é certa. La Motta não pode mais ganhar. Está derrotado, cambaleante, seu corpo deixou de responder. Mas, ainda assim, recusa-se a desistir. O corpo abandonou-o, mas ele não o abandonará. É o olhar de um homem reduzido a seu olhar. Um puro olhar que parece dizer: sou aquele que resta quando não resta mais nada. Nos olhos de La Motta, mesmo vencido, subsiste o desafio. Sobretudo vencido. Jamais vencido, no fundo. O desejo de reconhecimento não deriva da relatividade do resultado esportivo, mas do absoluto do espírito. O invencível absoluto não se curva jamais. Antes morrer.

    O ciúme é essa contradição monstruosa, feita de amor e ódio, um ódio ampliado, escavado como uma chaga pelo sal do amor, que ele supõe e ao mesmo tempo inverte. O ciumento sofre acima de tudo por continuar a amar – e amar demais – o objeto de que suspeita e duvida. O inferno é a mistura. Mas é sobretudo a espiral, o agravamento inevitável: o ciúme cava seu próprio túmulo para nele soçobrar vertiginosamente. O ciumento alucina o real.

    Em Na roda da fortuna, dos irmãos Coen, penetramos nos segredos da industrialização do desejo. Como veremos, o desejo não é uma ciência exata.

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