A Coleção Mar de Histórias: antologia do conto mundial é composta por 10 volumes independentes que contém, nada menos, que 239 contos, de 192 autores escolhidos entre os melhores de 41 países. A expressão Mar de Histórias foi tirada do título, em sânscrito, Kathâsaritsâgara, de uma antiga coletânea da Índia, do século XI. A sua tradução significa isso mesmo: ?mar formado pelos rios de histórias?. A obra foi organizada há mais de quarenta anos por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e Paulo Rónai, dois dos maiores tradutores e estudiosos da Literatura Mundial em todos os tempos e gêneros.
Este sétimo volume de Mar de histórias vem ampliar consideravelmente o panorama rasgado pelos seis primeiros. Os volumes anteriores abrangiam contos subordinados às seguintes classificações: das origens ao fim da Idade Média; do fim da Idade Média ao romantismo; o romantismo; o realismo; caminhos cruzados. Este reúne um florilégio do fim do século XIX.
Aqui encontramos a narrativa mais extensa da coleção, ?O homem que corrompeu Hadleyburg?, de Mark Twain, em que, para surpresa de muitos, feroz crítico da velha Europa se mostra censor não menos severo da jovem América. Ladeiam-no grandes narradores de literaturas pouco conhecidas entre nós: o húngaro Mikszáth, com ?A mosca verde e o esquilo amarelo?, anedota de sabor folclórico, cintilante de humor; o letão Blaumanis, com um episódio trágico-marítimo, ?Na sombra da morte?, de tema recorrente ao longo da história literária universal; o polonês Prus, com ?O realejo?, idílio urbano contado com serena simplicidade; o judeu polonês Perez, que, em ?Neilo no Inferno?, mistura religião e humor numa dosagem toda sua; e Ephtaliotes, que, com uma história de fantasma, abre as portas da literatura neogrega. Há também espécimes do conto poético, como ?O mendigo e a donzela orgulhosa?, de Rilke. A Espanha traz dois contistas tão diferentes como Juan Valera, reelaborador de motivos populares (?Quem não te conhecer que te compre? e ?O cozinheiro do arcebispo?), e Emilia Pardo Bazán (?Oito nozes?), escritora de um realismo vigoroso. A América Latina é representada pelo nicaraguense Rubén Darío (?As perdas de João Bom? e ?O pesadelo de Honório?) e pelo mexicano Vicente Riva Palacio (?As mulas de Sua Excelência?) ao lado de um mestre brasileiro do gênero, Afonso Arinos (?Assombramento?). Três autores até agora desconhecidos no Brasil, o dinamarquês Holger Drachmann (?A história de um lava-praias?) e os suecos Per Hallström (?Amor?) e Hjalmar Söderberg (?A capa de peles?), aproximam-nos da Escandinávia. A França, grande produtora de contistas, desta vez exibe Marcel Schwob (?Lucrécio, poeta?), autor para escritores. Quanto nome novo, quanta paisagem pouco familiar e, sobretudo, quanta história palpitante de vida, capaz de satisfazer o mais exigente amante da leitura!