Francisco, o papa dos humildes
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Em 1985, Ratzinger impôs ao teólogo Boff um ano de silêncio por causa de seu livro Igreja – carisma e poder. O motivo da dor de cabeça da Cúria é o fato de Ratzinger lutar sim contra a Teologia da Libertação, mas ser ao mesmo tempo um admirador de Bergoglio.
Nos anos anteriores, Bertone e seu amigo cardeal Giuliano Amato, chefe da Congregação para as Causas dos Santos, fizeram de tudo para deter Bergoglio.
Afinal, todos eles não tinham se tornado adversários declarados do cardeal Bergoglio, como o cardeal canadense Marc Ouellet, chefe da Congregação para os bispos e respeitado especialista da revista fundada por Joseph Ratzinger, a Communio? Não fora Ouellet que, segundo a visão de Bergoglio, combatera de modo feroz a implementação ativa de algumas ideias da Teologia da Libertação?
Bergoglio não tem sequer uma única governanta. Isoladamente, esse fato não seria tão ruim, se ao menos mantivesse a boca fechada, coisa que não faz. Ele diz abertamente, em encontros no Vaticano, que nas residências dos cardeais as religiosas cozinham, lavam e secam a louça, fazem a cama, fazem café para o motorista do bispo… enquanto deveriam estar fazendo aquilo para o que na verdade se tornaram freiras: pregar o Evangelho, amparar as crianças, assistir os idosos, mostrar o amor de Deus.
Jorge Mario Bergoglio é uma acusação viva contra a Cúria e contra quase todos os cardeais e 5 mil bispos do mundo.
“Nós não podemos assistir ao espetáculo triste daqueles que não sabem mais que mentiras contar e decidem que querem acima de tudo garantir seus privilégios, sua ganância e sua riqueza obtida através da desonestidade”.
as ideias do teólogo favorito de Ratzinger pouco interessavam a Bergoglio. Para esse doutor suíço e para Ratzinger, a questão gira exclusivamente em torno da fé: o que as pessoas fazem na Terra para conseguir colocar o jantar na mesa não vem ao caso. Já para Bergoglio, no lugar de Hans Urs von Balthasar, o que está em primeiro plano é o ensinamento social cristão. O que importa essencialmente são as pessoas, principalmente as que têm fome demais para conseguir refletir sobre a fé em Deus. O que marcou Bergoglio foi a palavra do fundador de sua ordem, Inácio de Loyola: “Nós temos que fazer tudo o que pudermos, mas no final está a confiança em Deus”. Foi exatamente isso o que fascinou Bergoglio na Teologia: agir, mudar o mundo, intervir, dar tudo o que pode ser dado. Uma vida de orações e de contemplação da perfeição da fé não é o suficiente para ele. Bergoglio quer mais. Nesse ponto, ele é muito parecido com o super-homem Karol Wojtyla, que também não estava interessado só em refletir sobre Deus e o mundo, mas em fazer mudanças efetivas – o que não agradou os regimes comunistas da Polônia e dos outros países do Pacto de Varsóvia.