Gotas de Esperança: Contos & Crônicas

Verter lágrimas no choro que justifica a dor, como o espinho que realça a flor; descobrir a fonte que sacia a sede, como o rio que nasce na montanha verde. Gotas da chuva que irrigam a plantação, como o néctar se transforma em mel; desvelar a seiva que alimenta a cria, como o trigo se transforma em pão. Os pequenos pingos de gotas d’água, de suor, de flocos de neve ou de sangue são o começo ou recomeço de muitas histórias e vidas, através deles apresento minhas impressões em “Gotas de Esperança” como marcas de minha própria vida, nos comboios e cruzamentos ao longo de minha trajetória, como médico e pessoa. Pretendo com este livro dar um pequeno depoimento na forma de microcontos & crônicas sobre situações da vida cotidiana nas quais estiveram envolvidos profundos sentimentos humanos. A busca por uma poesia sintonizada com os fatos históricos e, ao mesmo tempo, de tomar lições importantes destes acontecimentos, está sempre presente em meus textos a ligação com os valores mais caros da existência humana: o amor, a solidariedade, a ética, a superação e o compromisso social. Como testemunha de muitos fatos que compõem estes textos, ora os apresento na forma de diálogos com os personagens, ora conto/verso suas histórias em microcontos, com a intenção de provocar a reflexão nos leitores. Nesta primeira seleção de microcontos e crônicas, os textos estão divididos em capítulos temáticos, tais como: Fé e Solidariedade; Magia e Fantasia; Dor e Sofrimento; Serenidade e Dramas Sociais. Os personagens são, em grande parte, da vida real, mas há os imaginários. Todos têm em comum uma história para reflexão e aprendizado, seja um drama pessoal ou a busca da superação. Portanto, eles retratam instantâneos da vida. O meu primeiro microconto foi sobre o José Carioca, em 1976, mas não pensem que foi o personagem criado pelo Walt Disney. Ao contrário do típico malandro retratado pelo Disney, este José era o personagem que simbolizava a luta cotidiana de milhares de trabalhadores anônimos que circulavam pelas composições e coletivos lotados para ganhar o pão de cada dia na cidade grande. José era um nome de carpinteiro como o pai de Jesus, mas também de um pedreiro, de um porteiro, de um trocador, em suma, de um batalhador, e era também o nome de meu saudoso pai, nordestino como o personagem da história. Escrever é também uma forma de desvelar o véu, descerrar as cortinas, e nos apresentar face a face, como atores no grande palco da vida, para viver com intensidade cada momento como uma experiência singular, única. Procurei retratar, como estudante de medicina e, mais adiante, já atuando como médico, a história de muitos destes personagens que cruzaram os meus caminhos e que nestes microcontos e crônicas rendo justas homenagens. A ideia de publicar um livro com pequena seleção destas histórias vem atender um sonho que acalentava há muitos anos. Assim espero que os leitores possam encontrar nestas páginas uma oportunidade para refletir sobre alguns dos grandes dramas humanos.