Eugene Henderson é um homem complexo e em crise: riquíssimo, descendente de homens ilustres, criador de porcos, ex-combatente da Segunda Guerra ferido e condecorado. Na meia-idade, depois de dois casamentos e de um punhado de filhos, de incontáveis conflitos com parentes e vizinhos, de dores de dente crônicas, bebedeiras e ameaças de suicídio, ele decide romper com seu passado de erros e empreender uma virada existencial radical. Parte então para a África, em busca de uma humanidade mais "autêntica" e de um sentido para a vida.
Com seu extraordinário domínio da narração em primeira pessoa, Saul Bellow relata pela voz ao mesmo tempo exasperada e cômica do próprio Henderson os encontros e desencontros entre o racionalismo pragmático do personagem e uma África deliciosamente exótica, remota e insondável.
Primeiro entre os Arnewi e depois entre os Wariri, povos contrastantes que só têm em comum uma dramática falta de água para a lavoura e o gado, Henderson tenta atabalhoadamente colocar sua energia e seu intelecto a serviço de seus novos amigos, com resultados não menos que desastrosos.
Publicado originalmente em 1958, Henderson, o rei da chuva, com seu protagonista inesquecível, é considerado um dos livros mais saborosos de Bellow. Com alguma licença, pode ser visto como uma variação irônica e bem-humorada, mas não menos humana, do confronto entre a civilização ocidental e a África selvagem descrito por Joseph Conrad em O coração das trevas.