História natural da religião
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Podemos concluir, portanto, que, em todas as nações que abraçaram o politeísmo,14 as primeiras ideias da religião não nasceram de uma contemplação das obras da natureza, mas de uma preocupação em relação aos acontecimentos da vida, e da incessante esperança e medo que influenciam o espírito humano.
Os homens têm uma tendência geral para conceber todos os seres segundo sua própria imagem, e para transferir a todos os objetos as qualidades com as quais estão mais familiarizados – e das quais têm consciência mais íntima.
ajoelham-se bem mais frequentemente por causa da melancolia do que por causa de paixões agradáveis.
Não existe prática mais comum em todas as teologias populares do que exibir as vantagens da aflição, levando os homens a uni verdadeiro sentimento religioso,
De fato, deve-se necessariamente reconhecer que, para poder levar suas intenções para além do curso presente das coisas ou para alguma inferência sobre o poder invisível e inteligente, os homens devem ser influenciados por uma certa paixão que suscita seus pensamentos e reflexão; por motivos que provocam sua investigação inicial. Mas a que paixão devemos aqui recorrer para explicar um efeito de consequências tão importantes? Não é certamente à curiosidade especulativa ou ao puro amor à verdade. Esse motivo é demasiado refinado para um entendimento tão grosseiro; e levaria os homens a investigações sobre o plano da natureza, um tema demasiado amplo e abrangente para suas estreitas capacidades. As únicas paixões que podemos imaginar capazes de agir sobre tais homens incultos são as paixões ordinárias da vida humana, a ansiosa busca da felicidade, o temor de calamidades futuras, o medo da morte, a sede de vingança, a fome e outras necessidades. Agitados por esperanças e medos dessa natureza, e sobretudopelos últimos, os homens examinam com uma trêmula curiosidade o curso das causas futuras, e analisam os diversos e contraditórios acontecimentos da vida humana. E nesse cenário desordenado, com os olhos ainda mais desordenados e maravilhados, eles veem os primeiros sinais obscuros da divindade.
As únicas paixões que podemos imaginar capazes de agir sobre tais homens incultos são as paixões ordinárias da vida humana, a ansiosa busca da felicidade, o temor de calamidades futuras, o medo da morte, a sede de vingança, a fome e outras necessidades.
O absurdo não é menor quando levantamos os olhos para o céu e, transferindo – como é bastante comum – as paixões e as fraquezas humanas para a divindade, a representamos como invejosa e vingativa, caprichosa e parcial, em suma, idêntica em todos os aspectos a um homem perverso e insensato, exceto quanto ao seu poder e autoridade superiores. Não é surpreendente, então, que o homem, absolutamente ignorante das causas, e ao mesmo tempo tomado por tamanha ansiedade quanto ao seu futuro destino, reconheça imediatamente que depende de poderes invisíveis, dotados de sentimentos e de inteligência. As causas desconhecidas que ocupam sem cessar seu pensamento, ao se apresentarem sempre sob o mesmo aspecto, são todas consideradas do mesmo tipo ou espécie. E pouco falta para que atribuamos à divindade pensamentos, raciocínio, paixões e, às vezes, até membros e formas humanas, a fim de aproximá-la mais da nossa própria imagem.
Até onde a escrita ou a história penetram, a humanidade, nos tempos antigos, parece ter sido universalmente politeísta. Afirmaremos que em tempos mais remotos ainda, antes do conhecimento da escrita ou da descoberta das artes e das ciências, os homens professavam os princípios do puro monoteísmo? Ou seja, que quando eram ignorantes ou bárbaros descobriram a verdade, mas que caíram no erro assim que adquiriram conhecimento e educação?