Humilhados e Ofendidos
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Era uma sombria história, uma dessas histórias tenebrosas e pungentes que se desenrolam a miúdo, desapercebidas e misteriosas, sob o céu pesado de S. Petersburgo, nas ruas escuras, tortuosas e escusas dessa grande cidade, no meio do movimento e do ruído ensurdecedor da vida, dos egoístas estúpidos, dos interesses que se chocam, no meio das depravações e dos crimes, no centro desse inferno de uma vida absurda.
«Um tolo, tendo consciência de que é tolo, deixou de o ser!»
Esta necessidade de envenenar a própria dor e o prazer que se pode achar nisso eram coisas compreensíveis para mim; é o prazer de muitos corações humilhados e ofendidos ao sentirem-se vítimas do destino, mas tendo consciência da injustiça desse destino.
As mulheres, por exemplo, têm necessidade muitas vezes de se sentir ofendidas e infelizes, mesmo quando não há já ofensa nem desgraça. Nisso, muitos homens parecem mulheres, e mesmo aqueles que não são fracos.
há criaturas que parecem condenadas a esperar eternamente pela maioridade.
Parecia insensível, mergulhada numa espécie de torpor. Todavia as exclamações de Alyosha fizeram-na despertar. Olhou em torno de si. De um salto agarrou-se a mim. Tirou uma carta do bolso e entregou-ma. Era uma carta aos seus, escrita por ela na véspera. Entregou-ma com um olhar tão desesperado que jamais o poderei esquecer. Compreendi ser esse o momento em que sentiu todo o horror do seu procedimento. Quis falar… Começou ainda, mas as forças traíram-na e mal tive tempo de a amparar. Alyosha, muito pálido, beijava-lhe as mãos. Momentos depois voltou a si. O carro que trouxera Alyosha estava parado, ali perto. Quando a fizemos sentar, apertou-me as mãos, molhando-as com lágrimas ardentes. O carro partiu. Estive ali muito tempo imóvel: era toda a minha felicidade perdida, toda a minha vida transformada em barco sem rumo. Voltei lentamente para casa dos velhos pelo mesmo caminho que levara. Não sabia como entrar… Não sabia que dizer… Tinha a cabeça pesada e mal podia andar. É esta a história da minha felicidade e foi assim que findou o meu amor.
Natascha sentia instintivamente que seria um dia a sua dominadora, a sua soberana, e ele terminaria por ser a sua vítima. Antegozava a delícia de amar até à loucura e fazer sofrer a quem se ama, justamente porque se ama; e por isso mesmo, começava por se sacrificar.