Jó: O Amigo de Deus

Título inspirado em um poema místico de Rumi, santo sufi do século XIII, traduzido para o português por José Jorge de Carvalho (1996, Attar Editorial) Nona Lua é um livro de contos voltado inteiramente para o sonho, onde a face da verdadeira realidade é apenas parcialmente percebida. Nona Lua refere-se ao tempo de gestação, que, aqui, se interpretado de forma simbólica, representaria o surgimento de um homem novo. Os contos que o compõem falam da natureza humana - que quase sempre não consegue ir além de seu egoísmo e aceitar como aprendizado as suas frustrações - e do anseio de se perseguir o impossível. Entretecendo o novo ao velho ou o velho ao novo, o livro com suas histórias têm vários pontos de reflexão e embora possa parecer, Nona Lua Sobre o Altar de Santa Monalisa das Ruínas, não possui abordagem pessimista ou antiga, é antes, de tudo, narrativa de mais de cunho fantástico aonde os personagens ao se depararem consigo mesmo, possam aceitar e, talvez viver outras possíveis realidades. Certa vez, alguém me disse que minhas histórias possuíam um sabor antigo, um “quê” de saudade e resistência. Até hoje, não sei dizer se foi ou não um elogio; acho que foi, pois, creio eu, uma boa história é sempre uma boa história pouco importando a época em que se passou ou onde afinal, ocorreu. É fato comprovado que guardamos tudo na memória, porém, para nossa felicidade, a memória sabe bem proteger-se a si mesma, portanto, conto aquilo o quê, em minha opinião, vale a pena ser contado, tentando fazer do recordar, algo que valha a pena não se esquecer.