Jango, um perfil
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Diferentemente de outros países latino-americanos, onde os diplomatas americanos tiveram até de organizar os golpistas para derrubar governos que não agradavam a Washington, no Brasil a oferta golpista era tão farta que o maior problema foi evitar a sobreposição de esforços.
Samuel Wainer conta que certo dia foi convocado para ir falar com Jango. O presidente pediu que ele substituísse o homem encarregado de fazer a ligação entre o governo e os empreiteiros. Estes venciam as concorrências públicas — simuladas — e pagavam comissões para o ptb, que eram recolhidas pelo jornalista todo mês, sempre em dinheiro, e entregues “nas mãos de João Goulart”.
O escolhido de Vargas para sucedê-lo como líder do ptb não teve a mais leve inclinação para ser um estadista, tal qual seu mentor. Para Jango, a política sempre foi uma forma de ter poder, de favorecer os amigos, como se o governo fosse apenas uma extensão das suas estâncias em São Borja.
Jango, Brizola, Prestes, a maior parte da oficialidade das Forças Armadas, quase toda a udn, parte do psd, jornalistas, empresários, todos não só não acreditavam na democracia como a consideravam um empecilho ao progresso econômico.
Dezoito anos depois, Prestes confessou: “Aquela reunião com os sargentos no Automóvel Clube do Brasil foi uma provocação. Foi uma inversão de toda a hierarquia e facilitou o golpe”.
leitor observará que Jango ameaçou com a possibilidade de dar um golpe de Estado — isso, evidentemente, quando tinha o controle da maior parte das Forças Armadas. O golpe de Estado acabou ocorrendo, só que contra ele e, principalmente, contra a democracia e o desenvolvimento econômico-social do Brasil.
É muito difícil escrever um livro sobre João Goulart. Afinal, a minha geração ficou com a imagem de um presidente jovem e valente que foi deposto quando quis fazer as reformas de base.
À condecoração de Che somaram-se outras medidas que tinham desagradado os políticos. Logo depois de ter tomado posse, na noite de 31 de janeiro, Jânio Quadros fez pelo rádio um violento discurso atacando o ex-presidente Juscelino Kubitschek,
a transmissão do cargo para João Goulart ocorreu somente 13 dias depois. A renúncia de Jânio acabou sendo bem recebida no mundo político: sua intemperança, o desprezo votado ao Congresso Nacional e o desejo de encontrar escândalos administrativos representaram uma ruptura com a era jk. Até a extrema direita comemorou