Até a descoberta da América e o desenvolvimento das modernas técnicas de cartografia, os mapas-múndi circulares desenhados pelos povos cristãos tinham como centro geométrico as coordenadas de Jerusalém. Esse fato dá uma medida da enorme importância política e espiritual por eles atribuída ao palco histórico do drama da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo. Do mesmo modo, os judeus consideram essa cidade milenar - que acolheu o Templo de Salomão e é a atual sede do governo israelense - o centro de sua vida espiritual e temporal, bem como o cenário do futuro advento do Messias e do fim dos tempos. Por sua vez, os muçulmanos acreditam que, durante sua ascensão celestial, Maomé visitou Jerusalém montado em seu cavalo alado, tornando-a um centro incontornável do culto islâmico.
A sobreposição dessas três grandes religiões no mesmo espaço apinhado das ruelas da cidade antiga tem ocasionado inúmeros relatos de milagres e outros acontecimentos prodigiosos ao longo dos séculos - e, do mesmo modo, infindáveis conflitos em torno do controle do acesso aos lugares sagrados. Neste livro monumental, indispensável para a compreensão de boa parte da história do mundo nos últimos três milênios, o historiador britânico Simon Sebag Montefiore explica como e por que peregrinos, místicos, reis, guerreiros e políticos têm disputado entre si o privilégio de possuir essa cidade-símbolo da religiosidade monoteísta.