Burle ingressou no cinema pela música: foi o responsável pela trilha do filme Maria Bonita, baseado no romance homônimo de Afrânio Peixoto e dirigido por Julien Mandel. O filme estreou em 1936 em meio a muitas críticas e polêmica. No entanto, foi um profissional completo: diretor, roteirista, montador, produtor, diretor de arte e ator. Destacou-se também na música e compôs clássicos como Meu limão meu limoreiro e Onde canta o sabiá, entre outros. Sua maior empreitada foi a fundação, em 1941, da Atlântida Cinematográfica - empresa que buscava o desenvolvimento industrial do cinema brasileiro e lançou atores de destaque como José Lewgoy, Anselmo Duarte e Grande Otelo. Seu parceiro comercial na Atlântida foi Moacyr Fenelon. O primeiro sucesso como diretor foi Moleque Tião, de 1943, filme baseado na história de Grande Otelo, um dos maiores astros da companhia. O roteiro - a história de um garoto pobre do interior de Minas Gerais que sonhava em ser artista - era foi inspirado em reportagem de Joel Silveira e Samuel Wainer baseada em dados biográficos de Otelo. Entre os outros filmes dirigidos por José Carlos Burle na Atlântida estão Tristezas não Pagam Dívidas, de 1944; Barnabé, Tu és Meu, de 1952; Carnaval Atlântida, de 1953 (com co-direção de Carlos Manga); Quem Roubou meu Samba, de 1959, e Terra sem Deus, de 1964. Ao longo dos 21 anos de atividade da companhia cinematográfica, foram produzidos 66 filmes (sem contar com Assim era a Atlântida, de 1974), em ritmo contínuo e com boa bilheteria. Segundo o autor Máximo Barro, José Carlos Burle deixou obras que não podem ser ignoradas na história do cinema brasileiro. 'Terra sem Deus, seu trabalho mais representativo, só não ganha maior consideração por ser desconhecido. Carnaval Atlântida é um dos ápices da chanchada', escreve Barro. Burle faleceu em 1983.
José Carlos Burle
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