Reunindo críticos literários e pesquisadores latino-americanos, a coleção Entrecríticas, organizada pela escritora, tradutora e professora de Teoria da Literatura da Unifesp Paloma Vidal, visa a refletir sobre o diálogo entre a literatura e outras formas de expressão artística e cultural. Em Literatura e ética ? Da forma para a força, Diana Klinger, argentina radicada no Rio de Janeiro, parte dos binômios arte e vida, literatura e vida, escrita e vida, para analisar ?O que pode a literatura?.
Se a moral está para os deveres ali onde a ética está para a ?busca de uma vida que vale a pena ser vivida?, Klinger se propõe a indagar o vigor do campo do sensível no século XXI ? escapando, de um lado, a supervalorizações hoje ingênuas da arte, mas rechaçando, de outro, o ?semsentido? do mundo a nós legado pela modernidade.
Assim, pensa-se não a partir do que se é, mas a partir do que se pode; não segundo valores, mas segundo potências. O compromisso com a prática escritural, nesse sentido, apresenta-se como expressão perfeita daquilo a que se pode chamar ?vida artística?: campo informe que a tudo processa, ato intensivo e anti-hierárquico a fazer de nosso ?mundo próprio? território aberto à experiência e à resistência. Resistir: levar a vida a seus limites.
Em investidas teórico-afetivas que transitam por Roland Barthes, Julio Cortázar, Tamara Kamenszain, Roberto Bolaño e por traços autobiográficos da própria ensaísta, o que está em jogo, a despeito do que afasta esses autores do ponto de vista de sua poética, é aquilo que os aproxima do ponto de vista de sua escrita: espaço não representativo que, situando-se para além do estético, configura-se como ato ritual, como forma de existência. Do multifacetado de sua potência crítica, destaque-se: assumir o escrever enquanto desejo.