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    Livro de Máguas

    Por Florbela Espanca
    Existem 8 citações disponíveis para Livro de Máguas

    Sobre

    Livro de Máguas
    Florbela Espanca, poetisa portuguesa (1894-1930)

    Este livro apresenta «Livro de Máguas», de Florbela Espanca.

    Índice interativo:
    - Apresentação
    - Dedicatoria
    - Êste Livro
    - Vaidade
    - Eu
    - Castelã Da Tristêsa
    - Tortura
    - Lágrimas Ocultas
    - Torre De Névoa
    - A Minha Dôr
    - Dizêres Intimos
    - As Minhas Ilusões
    - Neurastenia
    - Pequenina
    - A Maior Tortura
    - A Flôr Do Sonho
    - Noite De Saudade
    - Angustia
    - Amiga
    - Desejos Vãos
    - Peor Velhice
    - A Um Livro
    - Alma Perdida
    - De Joelhos
    - Languidez
    - Para Quê
    - Ao Vento
    - Tédio
    - A Minha Tragédia
    - Sem Remédio
    - Mais Triste
    - Velhinha
    - Em Busca Do Amor
    - Impossivel
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    Citações de Livro de Máguas

    Beijos d’amôr! P’ra quê?!… Tristes vaidades! Sonhos que logo são realidades, Que nos deixam a alma como morta! Só acredita neles quem é louca! Beijos d’amor que vão de bôca em bôca, Como pobres que vão de porta em porta!…

    E os meus vinte e tres anos… (Sou tão nova!) Dizem baixinho a rir: «Que linda a vida!…» Responde a minha Dôr: «Que linda a cova!»

    TORTURA Tirar dentro do peito a Emoção, A lucida Verdade, o Sentimento! ―E ser, depois de vir do coração, Um punhado de cinza esparso ao vento!… Sonhar um verso d’alto pensamento, E puro como um rythmo d’oração! ―E ser, depois de vir do coração, O pó, o nada, o sonho dum momento!… São assim ôcos, rudes, os meus versos: Rimas perdidas, vendavaes dispersos, Com que eu iludo os outros, com que minto! Quem me déra encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, extranho e duro, Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!

    E se mais que eu, um dia, te quiser Alguem, bendita seja essa Mulher, Bendito seja o beijo dessa bôca!!

    EU… Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada… a dolorida… Sombra de névoa ténue e esvaecida, E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida!… Sou aquela que passa e ninguem vê… Sou a que chamam triste sem o sêr… Sou a que chora sem saber porquê… Sou talvez a visão que Alguem sonhou, Alguem que veio ao mundo p’ra me vêr, E que nunca na vida me encontrou!

    Vaidade VAIDADE Sonho que sou a Poetisa eleita, Aquela que diz tudo e tudo sabe, Que tem a inspiração pura e perfeita, Que reúne num verso a imensidade! Sonho que um verso meu tem claridade Para encher todo o mundo! E que deleita Mesmo aqueles que morrem de saudade! Mesmo os de alma profunda e insatisfeita! Sonho que sou Alguem cá neste mundo… Aquela de saber vasto e profundo, Aos pés de quem a terra anda curvada! E quando mais no ceu eu vou sonhando, E quando mais no alto ando voando, Acordo do meu sonho… E não sou nada!…

    E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguem as vê brotar dentro da alma! Ninguem as vê cair dentro de mim!

    Quem me déra encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, extranho e duro, Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!

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