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    Livro de Sonetos

    Por Vinicius de Moraes
    Existem 9 citações disponíveis para Livro de Sonetos

    Sobre

    Os sonetos desse livro, publicado pela primeira vez em 1967, foram escritos ao longo de trinta anos, a partir do início da década de 30. Apesar do vasto espaço de tempo que os separa, eles guardam uma semelhança que vai muito além da submissão ao formato clássico: para Vinicius de Moraes, os sonetos eram uma via de acesso ao sublime, mesmo quando essa elevação se processava por meio da linguagem prosaica do cotidiano aparentemente banal. Este é um atributo que sempre acompanhou o poeta: o poder de vislumbrar transcendência nas pequenas coisas. Nas mãos de Vinicius, os sonetos tornam-se um instrumento exigente e delicado, manejado com firmeza para sensibilizar a crista de banalidade que envolve o mundo real. Tornam-se ainda um recurso sofisticado que permite ao poeta contactar, com mais eficácia, a alma de outros artistas que tinha em alta conta, como Katherine Mansfield, Otávio de Faria, Cândido Portinari e Sergei Eisenstein.

    Esta edição do Livro de sonetos reúne também nove sonetos inéditos, pescados no baú de raridades que Vinicius de Moraes deixou com a família e que hoje está sob a guarda competente do Museu de Literatura da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Se o autor os relegou à sombra das gavetas, eles agora ajudam a compor, com mais nitidez, o pano de fundo, a trama secreta que animou o espírito do poeta. É justo falar em espírito, pois os sonetos de Vinicius de Moraes estão, em grande parte, imersos em dilemas metafísicos e impasses místicos. E naquele terreno pantanoso e fértil em que espírito e carne se confundem, conhecido por amor. Mesmo quando escreve a quatro mãos, com Paulo Mendes Campos, ou homenageia um amigo próximo como Rubem Braga, Vinicius não permite que seus sonetos percam de vista a face imutável do homem. A leitura deste livro provoca dois tipos de prazer: o que vem da perfeição da forma, exercitada com elegância, e o que se produz na sua ultrapassagem, momento em que a forma é mero condutor para o enobrecimento da realidade.

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    Citações de Livro de Sonetos

    Todo o instante perdido é um sofrimento Cada beijo lembrado uma tortura Um ciúme do próprio ciumento.

    De toda a vida e todo o amor humanos: Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo Que se um fica o outro parte a redimi-lo.

    Distante o meu amor, se me afigura O amor como um patético tormento Pensar nele é morrer de desventura Não pensar é matar meu pensamento.

    De tudo, ao meu amor serei atento Antes,

    Remoto como o nunca Eterno como o sempre

    De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo.

    SONETO DA MULHER AO SOL           Uma mulher ao sol — eis todo o meu desejo Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz A flor dos lábios entreaberta para o beijo A pele a fulgurar todo o pólen da luz.   Uma linda mulher com os seios em repouso Nua e quente de sol — eis tudo o que eu preciso O ventre terso, o pelo úmido, e um sorriso À flor dos lábios entreabertos para o gozo.   Uma mulher ao sol sobre quem me debruce Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente E que ao se submeter se enfureça e soluce   E tente me expelir, e ao me sentir ausente Me busque novamente — e se deixa a dormir Quando, pacificado, eu tiver de partir…     A bordo do Andréa C., a caminho da França, novembro de 1956

    POÉTICA           De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo.   A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte.   Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem   Nasço amanhã Ando onde há espaço: — Meu tempo é quando.     Nova York, 1950

    POÉTICA           De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo.   A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte.   Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem   Nasço amanhã Ando onde há espaço: — Meu tempo é quando.

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