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    Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas

    Por Frédéric Martel
    Existem 15 citações disponíveis para Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas

    Sobre



    Mainstream é resultado de uma vasta pesquisa de campo conduzida por Frédéric Martel em 30 países durante cinco anos. Frédéric Martel entrevistou mais de 1.200 pessoas em todas as capitais do ?entertainment?, analisou a ação dos protagonistas, a lógica dos grupos, e acompanhou a circulação de conteúdos em cinco continentes. Ele demonstra que, se os produtos mainstream não são necessariamente artísticos, as estratégias que permitem sua criação e difusão são igualmente fascinantes.

    ?Foi declarada a guerra mundial de conteúdos. É uma batalha nos meios de comunicação pelo controle da informação; nas televisões, pelo domínio dos formatos audiovisuais, séries e talk-shows; na cultura, pela conquista de novos mercados através do cinema, da música e do livro; e finalmente é uma batalha internacional de troca de conteúdos pela internet?, afirma o pesquisador.

    No cerne dessa guerra está a cultura mainstream. Novos países emergem com seus meios de comunicação e seu divertimento de massa. A internet multiplica por dez seu poderio. Tudo se acelera. Na Índia, no Brasil, na Arábia Saudita, luta-se pelo domínio da web e pela vitória na batalha do ?soft power?. Todos querem controlar as palavras, as imagens e os sonhos.
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    Citações de Mainstream: A guerra global das mídias e das culturas

    Hollywood distribui seus filmes em 105 países aproximadamente, mas em termos de rendimento conta basicamente com oito deles: Japão, Alemanha, Reino Unido, Espanha, França, Austrália, Itália e México (por ordem de importância, em média, sem contar o Canadá). Sozinhos, esses oito países representam em torno de 70-75% das bilheterias internacionais de Hollywood.

    Mainstream é um livro sobre a geopolítica da cultura e das mídias através do mundo.

    inventou o conceito de “soft power”. É a ideia de que, para influenciar as questões internacionais e melhorar sua imagem, os Estados Unidos precisam utilizar sua cultura e não mais apenas sua força militar, econômica e industrial (o “hard power”). “O soft power é a atração, e não a coerção”,

    Mainstream é o inverso da contracultura, da subcultura, dos nichos; para muitos, é o contrário da arte.

    Desde o início da década de 1990, as indústrias do entretenimento ocupam o segundo lugar nas exportações americanas, depois do setor aeroespacial.

    Mais ainda que as televisões por satélite, a Internet logo representou um problema considerável para as autoridades comunistas. O controle absoluto do partido podia ser posto em risco. Pensando inicialmente poder “proibir a Web”, Beijing deu-se conta de que as medidas técnicas e policiais para frear seu desenvolvimento e controlar seus conteúdos não eram muito eficazes. Sobretudo, as autoridades se depararam com um quebra-cabeça incontornável, já que frear a Internet era o mesmo que frear a economia. Sem acesso à Internet, nenhuma economia pode lutar em condições de igualdade com os Estados Unidos, a Europa, a Índia e o Japão. Pela primeira vez, o controle político e o desenvolvimento econômico pareciam inexoravelmente incompatíveis. Uma década, duzentos milhões de internautas e cinquenta milhões de blogs depois, a tensão continua.

    Todos se lembram do filme A bruxa de Blair, contando a história, justamente, de alunos americanos de cinema que se perdem numa floresta quando faziam um filme; realizado com uma câmera de vídeo rudimentar, ao custo de 35 mil dólares, o filme foi apresentado no festival de Sundance e divulgado basicamente pela Internet — o primeiro caso decisivo de marketing quase inteiramente online. Ele arrecadaria 248 milhões de dólares em todo o mundo em 1999. Nesse ano, os dirigentes dos estúdios finalmente entenderam, graças a esse modesto projeto estudantil, que Hollywood seria revolucionada pela Internet. “Com A bruxa de Blair, fomos tomados de incerteza e medo, literalmente — e desde então não nos livramos mais deles”, confirma em conversa comigo um dirigente da Universal em Los Angeles.

    “Os banheiros são tão imponentes que fico me perguntando se um dia não viremos ao cinema só para visitá-los. No início, eles queriam até cobrar dos turistas para poder usá-los.” Mohamed Ali sorri. Ele é o gerente dos multiplexes de City-Stars, um dos maiores complexos comerciais do Oriente Médio, situado em Nasr City — a cidade de Nasser —, perto de Heliópolis, 25 quilômetros a leste do Cairo, no Egito.

    “A América é a versão original da modernidade, e a Europa, a versão dublada ou legendada”.

    Informado de que Lucas precisa de dinheiro e está disposto a vender sua participação na Pixar, Roy Disney milita por uma aquisição por parte da Disney. Mas Eisner recusa categoricamente: “Nós não somos uma empresa de R & D”, teria declarado Eisner, querendo dizer que a experimentação, a Pesquisa e Desenvolvimento não eram seu objetivo. Com isso, ele perde uma oportunidade histórica em 1985, quando poderia ter comprado a Pixar a preço baixo. Pouco depois, Steve Jobs, que acaba de deixar a presidência da Apple com uma bolada, compra o estúdio.

    O filósofo George Santayana ficou conhecido por ter dito que “os americanos não resolvem os problemas: deixam-nos para trás”.

    Estima-se que 115 mil empresas, em sua maioria pequenas e médias, com menos de dez pessoas, participam hoje da economia americana do cinema e da televisão, e que a estas estão diretamente ligados 770 mil assalariados e, indiretamente, 1,7 milhão de empregos. A nova Hollywood, onde todo mundo é independente, é o oposto da velha Hollywood, onde todo mundo era dependente.

    Toda uma nova geopolítica de conteúdos está surgindo diante de nossos olhos. E o que se anuncia é o início das guerras culturais.

    Quem está com a razão? Por enquanto, o primeiro grupo, pois a Índia soube proteger sua indústria e conservar cerca de 95% das bilheterias para o cinema nacional. Mas o segundo grupo sabe que a americanização da Índia está em marcha, e que tem um nome temível: “indianisation”. Ao adaptar ao gosto local as séries e filmes americanos, os indianos assinaram alguns de seus maiores sucessos.

    Não raro, os profissionais das indústrias criativas que encontrei me falavam de suas intuições, e muitos também têm, como pude perceber, uma agenda. Mas encontrei poucas pessoas que, nesses tempos de globalização e reviravolta digital, tivessem uma visão: este livro tenta apresentar, em sua conclusão, essa visão geopolítica global. Deparei-me, contudo, com um sério problema ao longo de minha investigação: o acesso à informação. Que as fontes fossem raras na China, em virtude da censura oficial, eu já imaginava; que fosse difícil marcar encontros com antecipação em Mumbai, no Rio ou em Riad, logo pude compreender; mas eu não imaginava que também fosse difícil investigar nos Estados Unidos, nas majors do disco e nos estúdios hollywoodianos. Em toda parte, tive de insistir com os pedidos de entrevistas, e meu “histórico” jornalístico era passado no pente fino pelas pessoas incumbidas das “Public Relations”, os famosos “PR people”. Muitas vezes, a informação era guardada a sete chaves, internamente, pelo departamento de “comunicação”, e externamente por uma agência especializada, à qual eu era remetido. Levei muito tempo para entender que esses “PR people”, que ingenuamente eu julgava estarem ali para facilitar a comunicação, estavam ali na verdade para impedi-la; não para difundir a informação, mas para retê-la. E fui mais bem recebido na Al Jazeera e na Telesur — a televisão de Chávez na Venezuela — do que na Fox e na ABC. Diante

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