Marília de Dirceu
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Vem-me então ao pensamento A tua testa nevada, Os teus meigos, vivos olhos, A tua face rosada, Os teus dentes crystallinos, A tua boca engraçada. Qual, Marilia, a estrella d’alva, Que a negra noite affugenta, Qual o Sol, que a nevoa espalha Apenas a terra aquenta, Ou qual Iris, que o Ceo limpa, Quando se vê na tormenta. Assim, Marilia, desterro Triste illusão, e demencia; Faz de novo o seu officio, A razão, e a prudencia; E firmo esperanças doces Sobre a candida innocencia. Restauro as forças perdidas, Sóbe a viva côr ao rosto; Gyra o sangue pela vêa, E bate o pulso composto. Vê, Marilia, o quanto póde Contra os meus males teu rosto.
Sim, Marilia, a copia he tua, Que Cupido he Deos supposto: Se ha Cupido he só teu rosto, Que elle foi quem me venceo.
Minha alma, que tinha Liberta a vontade, Agora já sente Amor, e saudade.
Em teu conceito, Nutrio no peito Nescia paixão? Todas aquellas, Que vês cantadas, Forão dotadas De perfeição? Forão queridas; Porém formosas Talvez que não.
Mal chegares á foz do claro Téjo, Apenas elle vir o teu semblante Dará no léme do baixel hum beijo.
Que havemos d’esperar, Marilia bella? Que vão passando os florecentes dias? As glorias, que vem tarde, já vem frias; E póde em fim mudar-se a nossa estrella. Ah! não, minha Marilia, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças, E ao semblante a graça.