Matteo perdeu o emprego
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Baumann resgatara o lixo, recuperara-o como um restaurador de quadros antigos. E tentava agora colocar de novo aqueles produtos em circulação. Como se o ciclo pudesse recomeçar, assim, à força.
Qualquer hábito, qualquer repetição de um ato por mais absurdo que seja, rapidamente é absorvido: o excepcional transforma-se em poucas semanas; em certas circunstâncias bastam dias para que o monstruoso e o informe se faça normalidade e hábito. No limite: fato a que não se dá atenção, paisagem.
O problema é sempre este: és tu que estás na posse das perguntas — a minha liberdade é, pois, nula. Só posso responder. A idiotia comum é esta: a pessoa pensar que está livre porque pode responder, porque pode escolher. A grande diferença é esta: és obrigado a escolher: sim, não — e é essa obrigação que te rouba a liberdade mínima. Nem prefiro não, nem prefiro sim. Pelo contrário.
Estavam a desenterrar a atualidade e esta mete mais medo do que o passado.
Conhecer é isto: cartografar a desordem. Se conhecer fosse cartografar a ordem, seria igual a andar em redor de si próprio: para trás, portanto.
Baumann e o lixo; o que já não vai para lado nenhum, eis o lixo. Mas isso apenas para quem está de um lado, do lado de cá, dir-se-ia — porque para os outros, os que trabalham no lado do lixo, esses sim, percebem — só os que cheiram mal percebem que o lixo inicia outra narrativa, que o lado do lixo é o lado do início, é a primeira palavra. Ou seja: o que estava arrumado em definitivo, o lixo, eis que ressuscita como qualquer mágico no meio de um bom truque e diz: aqui estou eu, começamos! E, de fato, algures, começam.