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    Memórias da Rua do Ouvidor

    Memórias da Rua do Ouvidor

    Por Joaquim Manuel de Macedo
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    Citações de Memórias da Rua do Ouvidor

    As Memórias da Rua do Ouvidor têm, em falta de outras, um incontestável, grande e precioso merecimento, pois começa já e imediatamente, sendo os seus hipotéticos leitores poupados aos tormentos do prólogo, proêmio, introdução, ou coisa que o valha, em que, de costume, o autor, abismado em dilúvios de modéstia, abusa da paciência do próximo com a exibição de sua própria pessoa afixada no frontispício do monumento.

    Um francês (viajante charlatão) passou pela cidade do Rio de Janeiro, e demorando-se nela alguns dias, ouviu dos patrícios da Rua do Ouvidor queixas dos incômodos tigres que freqüentes passavam ali de noite. Sábio e consciencioso observador que era, o viajante tomou nota do fato, e poucos anos depois publicou, no seu livro de viagens, esta famosa notícia:   “Na cidade do Rio de Janeiro, capital do Império do Brasil, feras terríveis, os trigraves, vagam, durante a noite, pelas ruas, etc., etc.!!!”   E é assim que se escreve a história!  

    Passara de Desvio à Rua de Aleixo Manoel, plebeu raso, que, embora só de fidalgos, era barbeiro, segundo os meus velhos manuscritos.   Subiu, tomou solidéu e batina, entrou para a categoria do clero, elevando-se à Rua do Padre Homem da Costa.

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