Um dos pontos mais altos da dramaturgia de Jorge Andrade, Milagre na Cela, publicada originalmente em 1977, mantém certa distância da temática pela qual o autor ficou conhecido, que é a crônica da decadência da oligarquia cafeeira paulista, tão bem retratada nas dez peças do ciclo Marta, a Árvore e o Relógio. Aqui mudamos de cenário, e a peça, escrita em plena vigência da ditadura militar, acaba tendo como personagem principal, como escreve Antonio Candido no prefácio, ?nenhum dos figurantes, apesar de sua grande força; mas a tortura, abordada pela primeira vez entre nós como um fato com o qual é preciso conviver?. A peça conta a história de uma freira, brutalmente torturada por um agente da repressão (que é, em casa, pai e marido exemplar) para que confesse algo que ela não fez. O resultado final é impactante e único. Ainda segundo Antonio Candido: ?Nunca, no Brasil, essa realidade sinistra de nossos dias [a tortura] tinha encontrado expressão literária em nível tão alto; ou mesmo, assim concentrada, em qualquer nível.?
Esta edição tem prefácio escrito por Antonio Candido.
Jorge Andrade (1922-1984) é visto, pela crítica especializada, como um dos mais importantes dramaturgos brasileiros do século XX.
Esta edição tem prefácio escrito por Antonio Candido.
Jorge Andrade (1922-1984) é visto, pela crítica especializada, como um dos mais importantes dramaturgos brasileiros do século XX.