No romance Mistério sob as Luzes da Arcádia e no poema Marília de Dirceu, encontramos o ser humano com seus amores, seus humores, e tudo o mais que existe entre o Céu e a terra. Em ambos o tema é o amor, essa coisa perene, o eterno tema, o mesmo amor que vem trazendo felicidade ou cicatrizes para amantes e nações inteiras, desde Homero até Francisco Júnior: Helena, Grécia e Tróia; Lucrécia e os reis de Roma; Júlia e André. O poema de Gonzaga foi editado e reeditado incessantemente desde 1792. Daí porque o amor de Gonzaga atravessou esses séculos, trazido pelos próprios Dirceu e Marília, até Francisco Júnior, e este teve uma feliz ideia. Fez uma surpreendente releitura do poema, recria em cima um belo romance ambientado também no século 18, muito inspirado e muito interessante, a que não faltam o maravilhoso, os fenômenos naturais e histórias e lendas extraordinárias, de arrepiar, incluindo aí o mistério. Nem falta intriga dos deuses da Antiguidade clássica transportados com o neoclassicismo até os árcades e, como se vê, até nós. E sem ferir a verossimilhança pela qual pugna a Arcádia, porque este conceito não tem a pretensão de um realismo absoluto. Verossímil é o natural idealizado. Nos mitos e em outras fantasias, as imagens são convertidas e adquirem aparências do real. Não tem gente que chora diante de um filme ou de uma novela? Pois é.
MISTÉRIO SOB AS LUZES DA ARCÁDIA
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