Analista social ousado e comprometido com o descortinar das incongruências da formação histórica brasileira que obstaculizaram o desenvolvimento igualitário da sociedade, Florestan Fernandes examina em Mudanças Sociais no Brasil elementos constituintes da realidade brasileira por ele identificados no fim dos anos 1950, como o enorme descompasso econômico entre as diferentes regiões do país e a proeminência das prerrogativas particularistas nas relações de trabalho.
Segundo o sociólogo, a primeira situação impediria o país de concretizar com eficácia o processo de integração nacional e a segunda, por seu turno, tomaria o lugar que deveria ser ocupado pelas necessidades vitais da sociedade como um todo, as quais regeriam a formação de comunidades socialmente mais justas.
Florestan sugere no livro que o Estado deveria empenhar-se em construir um sistema educacional compromissado com a tarefa de preparar "o homem para a vida". Como se sabe, a crença do sociólogo no poder transformador da educação comprovaria-se também por meio de sua destacada atuação na Campanha em Defesa da Escola Pública, iniciada em finais da década de 1950, na qual Florestan posicionou o ensino público laico, gratuito e de qualidade como direito inabalável do cidadão brasileiro.
Em Mudanças Sociais no Brasil, o sociólogo mensura com perspicácia os limites dos processos de redemocratização e de industrialização do país, sempre preocupado com a consolidação de mecanismos que permitissem os efetivos avanços sociais que ele tanto desejava. O mais significativo deles seria a passagem de uma ordem democrática "incipiente" para um novo estágio, no qual estaria "plenamente constituída".
Mudanças sociais no Brasil
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