Nunca houve um homem como Heleno
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Uma das máximas de Neném Prancha – “No futebol, o terceiro pé é a cabeça”
Eu próprio reconheço que Heleno de Freitas não é bem um jogador, mas um personagem do futebol. Personagem tão rico que não se esgota em duas ou três crônicas, mas em oitocentas. Aliás, pensando melhor, diria que nem oitocentas crônicas o esvaziariam de sua riqueza folclórica. A mim, pessoalmente, a passagem de Heleno que mais me fascina é o possível romance do grande jogador com Evita. E, aliás, todo mundo reage da mesma forma, querendo o amor entre os dois. Vários me perguntam no meio da rua: “Mas o negócio da Evita é verdade?” Quem sou eu para testemunhar sobre um amor que muitos acham inverossímil? Por outro lado, eu me pergunto: “Inverossímil por quê?” Realmente, Heleno era um galã. Se não me engano, já contei aquele célebre episódio, ocorrido na visita do craque a uma casa de família, casa de um amigo. O amigo estava doente e Heleno foi visitá-lo. E, então, aconteceu o seguinte: todas as mulheres da casa, da avó à lavadeira, apaixonaram-se por ele. E por que, pergunto, Eva Perón não se apaixonaria também? Tudo começou porque, em todos os seus jogos, Heleno recebia uma braçada de rosas brancas. Eram sempre rosas e sempre brancas. Quem teve a primeira suspeita da primeira-dama? Não se sabe, nunca se sabe. Simplesmente, aquilo foi insinuado. E o que a princípio é boato logo se transforma em fato. Se houve esse amor, foi bonito como todos os amores secretos. Mas ninguém teve a certeza, e a dúvida tornava a coisa mais bonita. Em amores, é raro que o homem faça o que fez Eduardo VII, que, falando ao microfone, para o mundo disse: “A mulher que eu amo.” Evita era uma espécie de rainha. Podia não ser amada por um marido, mas era amada por todo um povo. “Seriam delas as rosas?”, pergunto. Segundo a minha vizinha, gorda e patusca: “Tudo é possível.” E também é possível o romance de Heleno. Digamos que ele foi um momento, e nada mais que um momento, na vida de uma grande mulher.1
Como dizia o romancista francês Honoré de Balzac, “a fama é uma casa cuja cozinha não se vê”.