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    O Brasil anedótico

    Por Humberto de Campos
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    O Brasil anedótico, de autoria do escritor Humberto de Campos, datado de 1927, é formado por frases históricas que resumem a crônica do Brasil Colônia, do Brasil Império e do Brasil República.
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    Citações de O Brasil anedótico

    AS FRASES DE PATROCÍNIOCoelho Neto – Discurso na Academia Brasileira de LetrasComeçava Patrocínio a ser hostilizado pelos propagandistas da República, que o acusavam de haver abandonado as suas fileiras, lisonjeado pelo beijo que a Princesa dera no seu filho pequeno, quando, num “meeting”, o grande abolicionista tentou falar.- O Brasil… – ia começando, quando se deteve.Atribuindo aquela pausa a um estado de decadência, a multidão começou a rir. Patrocínio olhou-a, do alto, e continuou:- O Brasil… que somos nós?Silêncio absoluto.- Sim; que somos nós? – tornou.E formidável:- Somos um povo queri, quando devia chorar!

    O ORGULHO DE UM GÊNIOHumberto de Campos – Carvalho e Roseiras, pág. 63Joaquim Gomes de Sousa, o genial brasileiro, que, aos trinta anos, resumia todo o saber do seu tempo, era profundíssimo em tudo, principalmente em matemática. Na Câmara, discutia todas as matérias. Certo dia, ao apartear um deputado que discursava sobre finanças, o orador retrucou veementemente:- O assunto em discussão não é da especialidade de V. Exa.!E Gomes de Sousa, logo, de pé, com todo o fogo do seu orgulho:- É por isso mesmo que eu o discuto com V. Ex. Se se tratasse de assunto da minha especialidade, eu não admitiria V. Ex. à discussão.

    SALVANDO A GRAMÁTICADomingos Barbosa – Silhuetas, pág. 81Resolvida a adesão da província ao movimento de 15 de novembro, foi constituída no Maranhão uma Junta Governativa, de que era membro o tribuno Paula Duarte, republicano da propaganda; o major Tavares, representando o elemento militar e o comerciante Francisco Xavier de Carvalho, homem de poucas letras mas de grande seriedade, que entrava, no caso, como delegado do povo.Ao fim de alguns dias de governo, apareceu na imprensa de São Luiz um manifesto assinado pelos três, admiravelmente escrito, mas que se particularizava, do princípio ao fim, pela violência da linguagem.Espantado com a assinatura de Paula Duarte naquele documento imprudente, um amigo procurou-o, para estranhar o fato.- Que podia eu fazer, filho? – observou o tribuno, abrindo os braços. – Que podia eu fazer?E desculpando-se:Imagine você que, entre a ignorãncia e a espada, mal pude salvar a gramática!

    Com seu espírito sutil, o Barão de Cotegipe era um céptico. Sem vaidades, não disputava nem, mesmo, aceitava honrarias. Ao regressar do Rio da Prata, onde resolvera o problema da restauração do Paraguai, o Imperador quis decretar a elevação do seu título, ato a que ele se opõs, Se morresse como ministro, o seu desejo era que lhe não prestassem, sequer, honras fúnebres, como era de praxe.

    Nos fins de 1895, a neurastenia de Raul Pompéia havia se acentuado de modo impressionante. Na tarde de 23 de dezembro, encontrando-se com Araripe Júnior no largo de São Francisco, deixou extravasar todo o seu nojo pela vida e pelos homens.- Lama! – dizia. – Sinto lama podre até nas conjunções da frase, quando penso.E logo:- Capacite-se de uma coisa. No Brasil só há um ato digno para um homem honrado: pegar de um revólver e salpicar com os miolos esta terra sinistra, e pulha, ao mesmo tempo!No dia seguinte, matava-se, com um tiro no coração.

    As leis são teias de aranha que servem para apanhar insetos, mas que se deixam romper pela pressão de qualquer corpo mais pesado!

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