O Brasil
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Poderes de Richelieu, ferocidade de Ignácio de Loyola, alcance intelectual de remediado da província, aptidões guerreiras desconhecidas, estes generais ganharam estrelas, jamais batalhas.
O repórter há de relatar o que vê e viu desde que não fira os interesses do patrão.
Sobrou o desalento, inclusive a respeito do jornalismo brasileiro, cada vez mais medíocre, primário na técnica, uniforme na análise reacionária, provinciano até o ridículo, ancorado no pensamento único incapaz de uma percepção contemporânea do mundo, e mesmo assim arrogante, jactancioso, exibido.
Brasília é a capital do nosso intransponível delírio infanto-tropical, matriz da loucura foliônica e dos interesses rasteiros que nos moldam,
Também aí percebo a herança dos séculos de escravidão. O esquerdismo à brasileira nasce na Casa-Grande, é irmão dos primogênitos absolutistas, brota da rivalidade fraternal e do conflito das gerações, jamais será capaz de arregimentar a senzala contra o patrão, ou, simplesmente, em busca de redenção contemporânea. Ao cabo, costuma prevalecer o instinto, o impulso primevo da predação. Não há partidos pois faltam ideias e ideais, o Partido dos Trabalhadores no poder esqueceu os trabalhadores e portou-se como os demais. De resto, que significa esquerda hoje em dia?
A mídia brasileira é única a seu modo, não conheço outra igual, e para entender o motivo da primazia basta observar que o profissional, o empregado, chama o patrão de colega. Salvo ralas exceções, ela é o boletim da casa-grande e para elevar as tiragens consagra seu preconceito, em proveito do povão ignorante e atordoado baixemos o nível para sermos compreendidos. Navega-se assim pela rota oposta àquela que compete ao jornalismo e arrastam-se na deriva até mesmo os senhores burgueses e burguesotes, de hábito bastante jejunos de saber, inclusive na demolição da língua, reduzida a um jargão de cem palavras de sintaxe indigente.
Coisas da natureza humana, e tanto mais brasileira, permissiva ao extremo, submersa e sussurrada. Os homens do poder preferem Globo e Veja, os da publicidade também, eu aprendi e não mais me surpreendo. Dói também constatar que a chamada redemocratização é a impecável continuação da ditadura. Pôr a casa em ordem significou interromper brutalmente um processo voltado a abrandar a desigualdade para deixar as coisas como estavam, os oligarcas a postos em santa paz, os corruptos à vontade em santa impunidade. A Justiça sob controle a poupar poderosos, o assalto ao cofre como objetivo da carreira política. A mídia, por tradição instrumento do poder, passa a confundir-se com o próprio e a engodar a minoria privilegiada e beócia enquanto o povo estaciona na inconsciência da cidadania, miserável e inerte.