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    O dia de um escrutinador

    Por Italo Calvino
    Existem 3 citações disponíveis para O dia de um escrutinador

    Sobre

    Amerigo Ormea, militante do Partido Comunista, supervisiona o processo de votação no Cottolengo, um hospício de Turim. Em meio a eleitores tão incomuns quanto anões, coxos, cegos e deficientes mentais, ele se pergunta o que faz dele um cidadão responsável e um eleitor consciente - e não um louco.

    Amerigo passa a se questionar sobre a razão do comunismo, sobre a natureza do amor e sobre a validade da crença religiosa. Não seria o comunismo também uma espécie de religião? Até que ponto é mesmo democrático obrigar todos a votar? O que determina a normalidade de um cidadão?

    A visão terrível da situação dos pacientes - como a de uma mulher sem pernas que se arrasta num banquinho ou a de uma freira deitada numa maca, com a expressão de quem "se afoga no fundo de um poço" - suscita ao escrutinador reflexões existenciais. Uma cena subitamente se revela como a encarnação do amor: um pai alimenta com amêndoas o filho deficiente. Amerigo conclui: "o humano chega aonde chega o amor; não tem fronteiras a não ser as que lhe damos".

    Italo Calvino escreveu O dia de um escrutinador entre 1953 e 1963, após viver experiências semelhantes às de seu personagem. A crueza dos sentimentos vividos no hospício - é Calvino mesmo quem afirma - o impediu de escrever por vários meses seguidos.

    Retrato de uma Itália ainda marcada pelas cicatrizes do fascismo, o relato funde recursos coloquiais e reflexivos a descrições visuais comoventes - e o próprio leitor se descobre um escrutinador da ética individual e coletiva.

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    Citações de O dia de um escrutinador

    A tudo nos acostumamos, mais rapidamente do que acreditamos.

    o humano chega onde chega o amor; não tem fronteiras, a não ser as que lhe damos.

    Hoje, quem poderia falar de deficientes, idiotas, deformados, num mundo inteiramente deforme?)

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